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América Latina

Consulta popular fracassa e Uruguai não terá referendo sobre aborto

A Justiça Eleitoral do país afirmou, no fechamento das urnas, que o comparecimento não foi o necessário para a convocação de um referendo

23 jun 2013 - 20h28
(atualizado às 21h59)
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A Corte Eleitoral do Uruguai antecipou o resultado da consulta popular realizada neste domingo para decidir se será realizado um referendo sobre a descriminalização do aborto aprovada em 2012. Ao anunciar o fechamento das mesas de votação, as autoridades disseram que o "ato de adesão" voluntário teve um baixo nível de participação e pode ter fracassado.

"Às 19h30 (local), todas as cerca de 3.500 mesas foram fechadas e não houve nenhuma necessidade" para que fosse atrasado o fechamento de algum delas porque "não havia eleitores esperando e nem filhas", afirmou Mariella Demarco, a secretária letrada da Corte.

Segundo Mariella, "às 17h (hora local) havia 7% de aderentes" e "a estimativa" do órgão eleitoral, que nas próximas horas dará os resultados oficiais, é que os opositores ao aborto "não chegarão aos 25%" necessários para que seja convocada a consulta popular.

Os promotores do referendo tinham que conseguir que um quarto do eleitorado do país, cerca de 655 mil eleitores, respaldasse sua proposta em um dia de votação voluntária que foi marcado pela baixa participação.

Segundo Mariella, se for confirmada esta tendência, "o tamanho da derrota é o mais surpreendente". Às palavras da representante da Corte Eleitoral se somam as pronunciadas esta noite ao Canal 10 de televisão pelo senador opositor Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, desde a sede da Comissão Nacional Pró Derrogação da Lei do Aborto.

"Está claro: perguntou-se aos uruguaios se queriam decidir com seu voto este tema e simplesmente os uruguaios disseram 'não queremos decidi-lo, que os representantes no Parlamento continuem decidindo'", disse o senador, que apoiou a campanha.

Bordaberry acrescentou que é preciso continuar escutando a voz do povo" e os parlamentares terão que "continuar com o debate" no Legislativo. O "ato de adesão" deste domingo foi convocado depois que os opositores da descriminalização do aborto conseguiram coletar este ano mais de 52 mil assinaturas (2% do censo eleitoral) para pedir a consulta popular.

Segundo as últimas pesquisas, de maio passado, entre 46% e 53% da população rejeita a descriminalização do aborto, enquanto até 44% a respalda. No entanto, em um país onde o voto é normalmente obrigatório, ninguém se atreveu antes deste domingo a acreditar no que aconteceria.

Sobretudo porque o Uruguai viveu um dia frio de inverno e porque a televisão transmitiu esta tarde dois importantes jogos internacionais das seleções de futebol sub 20 e principal, um dado nada desprezível em uma nação na qual o futebol é quase uma religião.

O aborto foi despenalizado pelo Parlamento em outubro do ano passado com o voto majoritário da Frente Ampla, em meio a críticas da Igreja, que esta semana pediu à população para comparecer às urnas.

Antes de a lei ser aprovada, se estimava que no país eram feitos mais de 30 mil abortos por ano, segundo números oficiais, embora na realidade esse número poderia ser o dobro, de acordo com ONGs. Em janeiro passado, primeiro mês de aplicação efetiva da lei, o Ministério da Saúde informou que foram realizadas cerca de 200 interrupções legais de gravidezes.

EFE   
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