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América Latina

Consulta popular fracassa e Uruguai não terá referendo sobre aborto

23 jun 2013 - 21h52
(atualizado às 22h00)
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A Corte Eleitoral do Uruguai antecipou neste domingo, ao anunciar o fechamento das mesas de votação, que o "ato de adesão" voluntário - no qual os uruguaios decidiram se será realizado um referendo sobre a descriminalização do aborto aprovada em 2012 - teve um baixo nível de participação e pode ter fracassado.

"Às 19h30 (horário local), todas as cerca de 3.500 mesas foram fechadas e não houve nenhuma necessidade para que fosse atrasado o fechamento de alguma delas porque não havia eleitores esperando e nem filas", afirmou à Agência Efe Mariella Demarco, secretária da Corte.

Segundo Mariella, "às 17h havia 7% de participação e a estimativa do órgão eleitoral, que nas próximas horas divulgará os resultados oficiais, é que os opositores ao aborto não chegarão a 25% necessários para que seja convocada a consulta popular".

"Nossos supervisores vão fazendo a pesquisa dos dados que vão chegando e se foi confirmando ao longo do dia a possibilidade da derrota, pois desde cedo se viu que havia muito pouca gente", argumentou Mariella.

Os promotores do referendo tinham que conseguir que um quarto do eleitorado do país, cerca de 655 mil eleitores, respaldasse sua proposta em um dia de votação voluntária marcado pela baixa participação.

Segundo Mariella, se for confirmada esta tendência, "o tamanho da derrota é o mais surpreendente".

Às palavras da representante da Corte Eleitoral se somam as pronunciadas esta noite ao "Canal 10" de televisão pelo senador opositor Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, desde a sede da Comissão Nacional Pró Derrogação da Lei do Aborto.

"Está claro: perguntou-se aos uruguaios se queriam decidir com seu voto este tema e simplesmente os uruguaios disseram 'não queremos decidi-lo, que os representantes no Parlamento continuem decidindo'", disse o senador, que apoiou a campanha.

Bordaberry acrescentou que é preciso continuar escutando a voz do povo" e os parlamentares terão que "continuar com o debate" no Legislativo.

O "ato de adesão" deste domingo foi convocado depois que os opositores da descriminalização do aborto conseguiram coletar este ano mais de 52 mil assinaturas (2% do censo eleitoral) para pedir a consulta popular.

Segundo as últimas pesquisas, de maio passado, entre 46% e 53% da população rejeita a descriminalização do aborto, enquanto até 44% a respalda.

No entanto, em um país onde o voto é normalmente obrigatório, ninguém se atreveu antes deste domingo a acreditar no que aconteceria.

Sobretudo porque o Uruguai viveu um dia frio de inverno e porque a televisão transmitiu esta tarde dois importantes jogos internacionais das seleções de futebol sub 20 e principal, um dado nada desprezível em uma nação na qual o futebol é quase uma religião.

O aborto foi despenalizado pelo Parlamento em outubro do ano passado com o voto majoritário da Frente Ampla, em meio a críticas da Igreja, que esta semana pediu à população para comparecer às urnas.

Antes de a lei ser aprovada, se estimava que no país eram feitos mais de 30 mil abortos por ano, segundo números oficiais, embora na realidade esse número poderia ser o dobro, de acordo com ONGs.

Em janeiro passado, primeiro mês de aplicação efetiva da lei, o Ministério da Saúde informou que foram realizadas cerca de 200 interrupções legais de gravidezes.

EFE   
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