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Mundo

Com "decote" e acusações, debate no México termina sem ganhador

7 mai 2012 - 21h43
(atualizado às 22h43)
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Os quatro candidatos à presidência do México se enfrentaram na noite de domingo no primeiro debate para o pleito que ocorre no dia 1º de julho. Com perguntas direcionadas a cada político por sorteio, ao longo de duas horas, o debate foi marcado por acusações mútuas devido ao péssimo desempenho econômico do país nos últimos anos e a falta de acordos para realizar reformas. Além disso, a participação de uma modelo com um generoso decote como ajudante de palco gerou polêmica, afetando o caráter sério do encontro.

Da esquerda para direita, Enrique Peña Nieto, Josefina Vasquez Mota, Gabriel Cuadri e Andres Manuel Lopez Obrador
Da esquerda para direita, Enrique Peña Nieto, Josefina Vasquez Mota, Gabriel Cuadri e Andres Manuel Lopez Obrador
Foto: AFP

Favorito nas pesquisas, o candidato Enrique Peña Nieto, do Partido do Revolucionário Institucional (PRI), era o preferido nos ataques dos adversários. Mesmo assim, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), e a governista Josefina Vázquez Mota, do Partido da Ação Nacional (PAN), ambos quase empatados nas pesquisas, também não deixaram de se alfinetar. Gabriel Quadri, do Partido Nova Aliança (Panal), foi a quarta força presente na discussão democrática.

Em uma de suas intervenções, Josefina Vázquez Mota acusou o PRI de frear no Congresso reformas estruturais "fundamentais" para o desenvolvimento da nação, culpando a Peña Nieto por paralisar a competitividade e aumentar a dívida no Estado do México. Na réplica, o ex-governador do Estado referido pela adversária acusou a panista de ser uma legisladora ausente na Câmara dos Deputados.

Por sua vez, o candidato esquerdista Andrés Manuel López Obrador, em várias ocasiões, vinculou Peña Nieto ao ex-presidente Carlos Salinas de Gortari (presidente de 1988 a 1994), considerado um símbolo da corrupção no país, mostrando uma fotografia em que os dois aparecem juntos. Em resposta, o candidato do PRI desqualificou a acusação de López Obrador, questionando-o para que falasse do ex-membro de sua equipe de trabalho René Bejarano, envolvido em suspeita de corrupção.

Frente à quantidade de acusações recebidas, Peña Nieto respondeu aos adversários. "Parece insuficiente o tempo que disponho para realmente responder a quem parece estar em aliança, porque chegam no dia de hoje com a navalha muito afiada", afirmou. Gabriel Quadri, quarto colocado nas pesquisas, utilizou suas invervenções para atacar aos "políticos de sempre".

Na opinião de analistas políticos, o debate não teve vencedor e sofreu com um formato rígido, onde os candidatos se intercalaram em monólogos, com todos calculando mal seus curtos tempos. "Creio que não ouve um claro ganhador. Perderam minutos valiosos em contra-ataques", afirmou Agustín Basave ao El Universal. "Não houve surpresas. Tivemos golpes e posições fortes, mas, ainda assim, foi um importante momento para conhecê-los", analisou Alberto Aziz, também em entrevista ao periódico mexicano.

O Instituto Federal eleitoral (IFE), responsável pela organização, informou que o próximo debate está marcado para 10 de junho em Guadalajara, no Estado de Jalisco. O de domingo ocorreu no World Trade Center, na Cidade do México.

A coelhinha

Uma "coelhinha" da revista Playboy que foi ajudante no debate roubou a cena com seu generoso decote e acabou gerando uma grande polêmica no país. Com um vestido branco muito justo e um considerável decote, Julia Orayen, capa da Playboy mexicana em setembro de 2008, foi encarregada de dividir os turnos do sorteio inicial. No entanto, os 30 s em que esteve no ar foram suficientes para que ela ganhasse mais destaque nos jornais locais do que as duas horas do debate.

Lorenzo Córdova, conselheiro chefe do IFE, reconheceu nesta segunda-feira que a aparição de uma playmate como edecán (ajudante de campo, na tradução do espanhol) foi inaceitável, indignante e estúpida. Segundo ele, o início do exercício democrático pareceu mais um evento de boxe. "Digo com todas as letras, é uma estupidez e é indignante. Um evento desta natureza não pode sair do controle", afirmou ao El Universal, acrescentando que não sabe quem é a pessoa responsável por colocá-la no debate. "O responsável terá que fazer uma desculpa pública. Foi algo inaceitável, degradante e estereotipado em uma lógica de denigrição de gênereo, o que é inaceitável", reitero.

Polêmicas à parte, a sensualidade da ajudante foi sucesso nas redes sociais. No Twitter, a conta @LaEdecánDelIFE registrou 4,8 mil seguidores em apenas 15 minutos e ficou no trending topics por quase duas horas após o debate. Além de aparecer na Playboy, Julia Orayen também participou do reality show "Em busca do par ideal", produzido em 2009 pela Televisa, em que dez mulheres disputavam o amor do ator Alex Ibarra.

Com informações de agências internacionais e Terra Mexico

Fonte: Terra
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