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América Latina

Colômbia retoma bombardeios contra as Farc após ataque

A ação, ocorrida em uma zona remota de Cauca, deixou dez militares mortos

15 abr 2015 - 16h37
(atualizado às 17h19)
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<p>O presidente Juan Manuel Santos afirmou em uma declaração televisionada que a ação das Farcs foi "deliberada e terá consequências"</p>
O presidente Juan Manuel Santos afirmou em uma declaração televisionada que a ação das Farcs foi "deliberada e terá consequências"
Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, decidiu nesta quarta-feira retirar a suspensão dos bombardeios contra a guerrilha das Farc, ordenada há pouco mais de um mês para acelerar o processo de paz, depois de um ataque contra militares que deixou dez mortos.

"Ordenei às Forças Armadas que levantem a ordem de suspensão dos bombardeios contra os acampamentos das Farc até nova ordem", afirmou Santos, que na quinta-feira passada havia prorrogado até 10 de maio a interrupção dos ataques aéreos para favorecer o processo de paz com a guerrilha.

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Cercado de membros da cúpula militar, o presidente afirmou em uma declaração televisionada que a ação das Farcs foi "deliberada e terá consequências".

"O incidente foi produto de um ataque deliberado, não fortuito das Farc, e isto implica um claro rompimento da promessa de um cessar-fogo unilateral" (que a guerrilha ordenou no mês passado), acrescentou o presidente.

Depois do ataque, que aconteceu à meia-noite de terça-feira, deixando outros vinte militares feridos, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) manifestaram sua preocupação e voltaram a pedir um cessar-fogo bilateral.

Santos, que reiteradamente se negou a imitar a trégua das Farc por considerar que isso fortaleceria a guerrilha, disse que a decisão de um cessar-fogo bilateral "não pode acontecer nem acontecerá a não ser como consequência de um acordo sério, definitivo e verificável ao término do conflito".

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"Que fique bem claro às Farc: não vou deixar me pressionar (...) por fatos infames como este para tomar uma decisão sobre o cessar-fogo bilateral", enfatizou.

"Fatos desta natureza e desta gravidade demonstram uma vez mais a necessidade de acelerar as negociações que ponham fim a este conflito, que continua enlutando as famílias colombianas", concluiu.

O ataque atribuído à guerrilha ocorreu em uma zona remota de Cauca, oeste da Colômbia.

"Fui informado por fontes militares que, na madrugada de hoje (quarta-feira), ocorreu um ataque a uma guarnição militar em La Esperanza, no norte do Cauca, no qual infelizmente 10 militares morreram", informou o governador deste departamento, Temístocles Ortega.

Um primeiro balanço falou de 17 feridos, agora atualizado para 20.

O governador apontou como responsável uma coluna móvel das Farc, que estão em diálogos de paz com o governo nacional e que anunciaram em dezembro de 2014 uma trégua unilateral e indefinida na Colômbia.

"Lamento a morte de soldados em Cauca. Esta é precisamente a guerra que queremos terminar", disse Santos mais cedo, através de sua conta do Twitter.

Ele anunciou que analisaria o ocorrido com a cúpula militar e que viajaria neste mesmo dia à região, um reduto tradicional da guerrilha das Farc.

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A guerrilha das Farc lamentou a morte dos militares colombianos e pediu ao governo que aceite uma trégua bilateral, ao mesmo tempo que as duas partes negociam a paz em Cuba.

"Manifestamos nossa preocupação com as informações de novos combates em Cauca. Isto tem como causa a incoerência do governo de estar ordenando operações militares contra uma guerrilha que está em trégua unilateral desde dezembro", declarou à imprensa o comandante guerrilheiro Pastor Alape em Havana.

"Seja emboscada ou contraemboscada (pouco importa), o que temos que ver é que são colombianos mortos", acrescentou.

"Senhor presidente Santos, a trégua bilateral é urgente", disse, antes de afirmar que o exército colombiano prossegue com as operações contra "uma guerrilha que vai completar quatro meses evitando combates".

O governo de Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia negociam um processo de paz em Havana desde novembro de 2012, que alcançou acordos até o momento em três dos seis pontos da agenda.

A Colômbia vive um conflito armado que envolveu guerrilhas, paramilitares, forças militares e grupos de narcotraficantes, e que deixou oficialmente ao menos 220.000 mortos e mais de cinco milhões de deslocados.

Fundadas em 1964 depois de uma insurreição camponesa, as Farc contam com 8.000 combatentes.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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