PUBLICIDADE

América Latina

Colômbia autoriza Piedad Córdoba a mediar libertação de reféns

9 dez 2010 - 16h45
(atualizado às 18h04)
Compartilhar

O governo colombiano ofereceu nesta quinta-feira as garantias necessárias para que se concretize o mais rápido possível a libertação de cinco reféns anunciada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e autorizou à ex-senadora Piedad Córdoba a atuar nas entregas, que poderiam ocorrer em um mês.

A condição é que Piedad faça a facilitação "com absoluta e total discrição", segundo um comunicado divulgado nesta quinta-feira pelo Governo, que exige às Farc "a imediata libertação" de todos os sequestrados, rejeitando o desejo da guerrilha de realizar troca de reféns por rebeldes presos.

Esta foi a resposta do Governo ao anúncio das Farc de que libertarão de forma incondicional cinco reféns (um policial, dois militares e dois políticos) como gesto de solidariedade a Piedad, destituída recentemente de seu cargo de senadora por supostos nexos com essa guerrilha.

"Agradeço muito ao Governo por essa decisão. Logo que voltar à Colômbia, na segunda-feira, assumo a tarefa", indicou a ex-senadora de Buenos Aires, onde está de visita, à emissora colombiana "La FM".

Ela destacou, até seu retorno a Bogotá, membros da ONG Colombianos e Colombianas pela Paz (CCP), da qual é líder, entraram em contato "com as pessoas que o Governo designar" para avançar na organização da logística das libertações.

"O fundamental" agora é que as Farc "entreguem as coordenadas" para poder buscar os cinco reféns aos quais prometeram libertar, ressaltou Piedad.

Segundo ela - quem pediu ao ex-presidente colombiano Ernesto Samper (1994-1998) que se reúna com o atual presidente, Juan Manuel Santos, para falar das libertações -, a entrega dos cinco reféns poderia ocorrer dentro de um mês, ou seja, no início de janeiro.

Em declarações à "Caracol Radio" e à emissora "La W", a ex-senadora sustentou também que está analisando a possibilidade de que a Força Aérea do Brasil "volte a facilitar a logística" para resgatar os reféns na selva, tal como ocorreu em libertações anteriores.

De acordo com o comunicado oficial divulgado nesta quinta-feira, o Governo "está disposto a garantir todas as condições de segurança requeridas" e autoriza Piedad "a antecipar os trabalhos de facilitação sempre e desde que as mesmas sejam feitas com absoluta e total discrição".

O comunicado acrescenta que, nos próximos dias, a Alta Secretaria para a Reintegração do Governo colombiano anunciará a designação da pessoa que servirá como interlocutor do Governo em dito trabalho de facilitação.

Em carta dirigida a Piedad e divulgada nesta quarta-feira, as Farc afirmam que as libertações serão feitas "como um gesto de humanidade e desagravo" à ex-senadora.

Os reféns da Polícia e das Forças Armadas anunciados para libertação são o policial Guillermo Solórzano, sequestrado em 2007, o cabo do Exército Salín Sanmiguel (2008) e o infante de Marinha Henry López Martínez (2010).

Já os dois políticos são Marcos Vaquero, presidente do conselho municipal de San José del Guaviare, e Armando Acuña, quem tinha o mesmo cargo na localidade de Garzón (departamento de Huila), ambos sequestrados em 2009.

A guerrilha garante que "a decisão está tomada e a data dependerá das garantias que o Governo outorgar para que a senadora (Piedad) Córdoba possa receber os que serão libertados", que estão entre os reféns com menos tempo em cativeiro.

Desde janeiro de 2008, as Farc libertaram 14 reféns, entre políticos, policiais e militares, entregando-os à ex-senadora Piedad Córdoba, recentemente cassada pelo Ministério Público colombiano, tendo os direitos políticos suspensos por 18 anos por supostos vínculos com as Farc, algo que ela nega.

Se a libertação anunciada agora de fato ocorrer, seria a primeira no mandato do presidente Santos, cargo que ele assumiu em 7 de agosto.

O líder sempre reiterou que só dialogaria e negociaria com as Farc se a guerrilha, a mais antiga da América Latina, abandonasse suas práticas de terrorismo e sequestro.

As últimas libertações incondicionais feitas pelas Farc ocorreram em março passado, quando a guerrilha entregou o sargento Pablo Emilio Moncayo, sequestrado no final de 1997, e o soldado Josué Daniel Calvo a uma comissão humanitária integrada por Piedad, pela Igreja Católica e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

EFE   
Compartilhar
Publicidade