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América Latina

Chile: juiz decreta prisão de 15 militares por torturas e execuções na ditadura

Os 15 oficiais e suboficiais da Força Aérea do Chile são apontados como autores ou encobridores de dois homicídios e crimes de tortura

27 mai 2013 - 14h52
(atualizado às 15h12)
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Um juiz especial processou nesta segunda-feira 15 oficiais e suboficiais da Força Aérea do Chile (Fach), alguns deles na ativa, por participação no homicídio de dois opositores à ditadura de Augusto Pinochet e torturas a outros três em 1973. Em sua resolução, o juiz Álvaro Mesa Latorre, da Corte de Apelações de Temuco, 672 quilômetros ao sul de Santiago, também decretou prisão preventiva para todos.

O magistrado "entendeu que houve a participação destas pessoas", disse Joseph Beraud, um dos advogados de acusação, após se reunir com Latorre. Segundo a resolução, os 15 estão envolvidos na execução sumária e posterior desaparecimento do médico Hernán Henríquez Aravena e do enfermeiro Alejandro Flores Rivera, assassinados em 2 de outubro de 1973 na base aérea "Maquehue", nos arredores de Temuco.

Hernán Henríquez era então diretor do Serviço Nacional de Saúde para as províncias de Malleco, e Alejandro Flores Rivera era o presidente regional da Federação de Trabalhadores da Saúde. Além disso, foram processados os pilotos pelo crime de tortura com outros três opositores à ditadura de Augusto Pinochet: Jorge Silhi Zarzar, Víctor Painemal Arriagada e Sergio Riquelme Inostroza.

Os processados, dos quais 11 estavam detidos preventivamente desde a sexta-feira passada, são os oficiais Aníbal Tejos Echeverría, Leonardo Reyes Herrera, Enrique Isaacs Casacuberta e Rodolfo Schmied Callejón.

Também os oficiais de reserva Emilio Sandoval Poo, Berthold Bhonn Suterel e Pablo Alister Conterras, além dos suboficiais Heriberto Pereira Rojas, Luis Yáñez Silva, Enrique Rebolledo Sotelo, Luis Soto Pinto, Crisóstomo Ferrada Carrasco, Jorge Soto Herrera e Jorge Valdebenito Isler.

Emilio Sandoval Poo foi condenado à revelia a 15 anos de prisão em novembro de 2011 pela justiça francesa, pelo desaparecimento do ex-sacerdote dessa nacionalidade Etienne Pesle Menil, detido em Temuco em 19 de setembro de 1973.

Sobre a execução de Henríquez e Flores, as autoridades militares de Temuco emitiram dias depois um comunicado que alegava que ambos tinham sido mortos durante uma tentativa de fuga com apoio externo e tiveram seus corpos enterrados, mas até hoje o local dos enterros não foi revelado.

O relatório Rettig, que em 1991 certificou as violações aos direitos humanos cometidas durante a ditadura (1973-1990), disse sobre este caso que "não é crível que, estando detidos em uma instalação militar, sem visitas e inclusive sem que seus parentes tivessem reconhecido sua permanência nesse lugar, os prisioneiros tivessem montado um plano de fuga com pessoas de fora". Fontes da defesa dos pilotos processados anunciaram que nos próximos dias recorrerão da prisão preventiva decretada pelo juiz.

EFE   
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