Chile: estudantes ocupam canal de TV após repressão de marchas
4 ago2011 - 21h55
(atualizado em 5/8/2011 às 02h50)
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Cerca de 200 estudantes ocuparam pacificamente as instalações do canal de televisão privado Chilevisión nesta quinta-feira e exigiram entrar no ar para expressar suas demandas em favor do fortalecimento da educação pública no país, disse uma jornalista da emissora, Macarena Pizarro. "Nos vimos afetados como canal por uma ocupação de 200 estudantes que chegaram até a emissora para um protesto", disse Pizarro enquanto narrava as violentas manifestações estudantis que foram produzidos em Santiago nesta quinta-feira.
Antes disso, estudantes e professores fracassaram em duas tentativas de marchar pelo centro de Santiago. Pela manhã, uma primeira tentativa foi dispersada, deixando mais de 500 detidos e 14 policiais feridos.
As marchas já haviam sido proibida pelo governo, mas os estudantes e professores não recuaram. Durante a manhã, foram erguidas barricadas em 13 pontos de Santiago com pneus e pedaços de madeiras em chamas. "Temos agido com prudência para respeitar os direitos de expressão, mas há um limite. Os estudantes não são os donos deste país", disse o porta-voz do governo, Andrés Chadwick, à rádio Cooperativa.
Horas depois da primeira manifestação, os estudantes tentaram reunir-se na Praza Itália para iniciar a primeira das marchas anunciadas, mas a polícia os dispersou novamente com gases lacrimogêneos e carros com jatos d''água, evitando que o protesto chegasse a Alameda, que é a principal avenida da capital chilena, apurou a AFP. "O centro de Santiago está sitiado", disse Camila Vallejos, dirigente dos universitários. "Ninguém pode nos reprimir por nos reunirmos em espaços públicos", disse Vallejo.
Os protestos haviam sido anunciados depois que o ministro da Educação, Felipe Bulnes, entregou na segunda-feira uma proposta de 21 pontos - a segunda oferecida pelo governo - aos líderes estudantis, que deveriam respondê-la até sexta-feira. "Vamos dar um sinal de que estamos mobilizados e alertas e que a discussão não acaba com a resposta dada pelo ministro", disse à imprensa na quarta-feira Camila Vallejos.
Dois fortes sindicatos universitários, o da Universidade Católica e o da Universidade de Santiago, rejeitaram a proposta governamental e por isso participaram da tentativa de manifestação no centro de Santiago. "A ideia da marcha é que não apenas estudantes possam participar e não se manifestem apenas por temas da educação, mas também pela crise no sistema completo", disse Georgio Jackson, dirigente da Universidade Católica.
Segundo os universitários, a proposta do governo responde a uma parte de suas demandas para fortalecer a educação pública no Chile, mas só acolhe parcialmente a principal exigência, que é acabar com o lucro na educação, proibido na legislação chilena, mas burlado através de brechas legais.
A crise educacional, que já dura dois meses, mantém dezenas de universidades paradas e centenas de colégios tomados. Os estudantes já protagonizaram enormes manifestações que influenciaram na queda de popularidade do presidente Sebastián Piñera, que chegou a um mínimo de 30% em julho.
Um jovem protesta com uma faixa em Santiago. Há vários meses, estudantes chilenos ocupam as ruas da capital e de cidades do interior para cobrar melhorias na educação; veja mais de 30 fotos que mostram as formas criativas de protesto e a repressão violenta da polícia
Foto: EFE
29 de julho - Acampados há nove dias em uma escola pública chilena, estudantes cobram mais investimentos do governo na educação
Foto: AFP
29 de julho - Pelo menos 30 estudantes montaram um acampamento dentro das salas de aula da escola para cobrar uma educação pública de qualidade no país
Foto: AFP
29 de julho - Jovem pinta uma faixa antes de participar de protesto estudantil na capital Santiago
Foto: AFP
14 de julho - Estudantes realizam uma grande marcha em Santiago; eles cobram o fim do lucro das universidades privadas que recebem contribuição pública
Foto: AFP
14 de julho - As manifestações foram reprimidas pela polícia, que utilizou jatos de água e gás lacrimogênio para conter o avanço dos jovens
Foto: AFP
14 de julho - Os estudantes não aceitaram as propostas de mudança na educação apresentadas pelo governo do presidente Sebastián Piñera
Foto: AFP
14 de julho - Em cada manifestação, dezenas de jovens foram presos pelas forças policiais
Foto: AFP
14 de julho - Estudante carrega caixão representando a morte da educação no país
Foto: AFP
14 de julho - Nos inúmeros confrontos com a polícia, jovens tentavam fugir dos jatos de água lançados das viaturas
Foto: AFP
14 de julho - Milhares de estudantes e professores tomaram as ruas de Santiago para protestar pela falta de investimento na educação pública do Chile
Foto: AFP
14 de julho - 'Hoje me mobilizo para amanhã estudar', dizia cartaz carregado por menino que, apesar da pouca idade, já acompanhava os protestos
Foto: AFP
19 de julho - Os estudantes também foram para as ruas vestidos de super-heróis
Foto: AFP
19 de julho - Os manifestantes lotaram as ruas da região central da cidade e realizaram acrobacias
Foto: AFP
De Chapolin a Super-Homem, os estudantes usaram a criatividade nas fantasias
Foto: AFP
Estudantes se vestem de super-heróis durante protestos
Foto: Reuters
19 de julho - Uma multidão empolgada se uniu em protesto contra o governo pela atual política educacional no Chile
Foto: AFP
14 de julho - Vestido de pirata, jovem diz que 'a educação é o nosso tesouro'
Foto: AFP
7 de julho - Em um dos protestos 'criativos', estudantes transformaram as ruas de Santiago em uma praia
Foto: AFP
7 de julho - Os jovens simularam uma praia para protestar pela antecipação das férias, medida anunciada pelo governo como forma de reduzir os protestos
Foto: AFP
7 de julho - Os jovens simularam uma praia para protestar pela antecipação das férias, medida anunciada pelo governo como forma de reduzir os protestos
Foto: AFP
7 de julho - Os estudantes levaram toalhas, guarda-sol e cadeiras para as ruas da capital
Foto: AFP
7 de julho - O violão fez companhia para os estduantes que aproveitavam as 'férias' na capital
Foto: AFP
7 de julho - Com panos azuis, até o mar esteve presente no protesto estudantil
Foto: AFP
7 de julho - Os jovens passaram protetor solar e durante a tarde de manifestação em Santiago
Foto: AFP
6 de julho - Um 'beijaço' coletivo também foi organizado pelos estudantes
Foto: AFP
6 de julho - Os jovens chamaram o protesto de 'Festa do Beijo'
Foto: AFP
6 de julho - Os jovens não gostaram das medidas anunciadas pelo presidente para melhorar a educação no país e decidiram manter os protestos
Foto: AFP
6 de julho - Os casais acompanharam o beijo coletivo na capital Santiago
Foto: AFP
6 de julho - Centenas de jovens se somaram no protesto com beijos
Foto: AFP
6 de julho - Os jovens usaram a criatividade para pedir mais investimentos nas escolas e universidades
Foto: AFP
30 de junho - Estudantes encenam a 'morte da educação' nas ruas de Santiago
Foto: AFP
30 de junho - Vestidas de preto, jovens representam a 'morte' da educação no Chile
Foto: AFP
30 de junho - Os alunos tiraram suas roupas e, com cartazes, cobraram mais recurso para as escolas públicas
Foto: AFP
A jovem comunista Camila Vallejo é responsável pela organização do movimento estudantil
Foto: AFP
Pela sua beleza e discurso firme, a jovem se tornou a grande líder do movimento que cobra mudanças na educação chilena