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Mundo

Chile: equipes correm contra o tempo em busca de sobreviventes

28 fev 2010 - 13h38
(atualizado às 15h38)
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Equipes de socorro corriam contra o tempo neste domingo em todo o Chile para resgatar vítimas que permanecem presas sob os escombros do violento terremoto que atingiu o país, enquanto o desespero leva sobreviventes a saquear lojas e mercados em busca de comida e água.

Equipes resgatam sobrevivente de prédio que desabou em Concepción
Equipes resgatam sobrevivente de prédio que desabou em Concepción
Foto: AFP

O terremoto de magnitude 8,8 sentido na madrugada de sábado, seguido por mais de 100 tremores secundários de no mínimo 4 graus, deixou um saldo de pelo menos 400 mortos e meio milhão de casas condenadas, segundo dados oficiais.

A maior dimensão da tragédia pode ser vista na cidade de Concepción, 500 km ao sul de Santiago, onde vivem cerca de 500 mil pessoas. Como símbolo da tragédia, um prédio de 15 andares e 80 apartamentos tombou, deixando cerca de uma centena de pessoas presas, segundo a prefeita de Concepción, Jacqueline van Rysselberghe.

"As horas e o tempo são o fator crítico para salvar as pessoas que estão aqui dentro", disse a prefeita, entrevistada pelo canal estatal de televisão no local da tragédia. "Foi impressionante, porque os pilares se moviam de um lado a outro, e depois afundou e ficou destruído", contou Ewin Jiménez, um dos sobreviventes, que conseguiu escapar pela janela de seu apartamento.

Nas primeiras horas de domingo, socorristas dos bombeiros conseguiram resgatar três corpos dos escombros da construção, enquanto ainda era possível ouvir gritos de pessoas presas pedindo socorro. As equipes de resgate começaram a perfurar a estrutura para permitir a entrada de oxigênio em locais onde pode haver vítimas presas.

"Tivemos um dia dramático, com um terremoto que causou danos enormes. Acreditamos que o número de mortos aumentará, devido às pessoas que estão sob os escombros", lamentou Jaime Tohá, intendente (governador) da região de Biobío, a mais desvastada pelo sismo.

Saques

Em uma cidade sem energia elétrica e sem comunicação, o desespero da população se refletiu em saques e roubos. Debaixo da chuva que caía neste domingo, centenas de pessoas arrombaram a porta de um supermercado de Concepción, em busca de alimentos e produtos de primeira necessidade.

"Isso é para os meus filhos, é a única forma que tenho de alimentá-los", afirmou um homem, explicando com uma expressão de remorso porque decidiu participar do saque ao supermercado.

"Temos que comer", disse uma mulher à televisão estatal, enquanto observava outras pessoas fugindo com caixas de leite e outras mercadorias na mão, como eletrodomésticos e televisores de plasma.

"Não temos alimentos. Precisamos de leite para nossas crianças", indicou um homem, em meio aos jatos d'água e ao gás lacrimogêneo lançado pela polícia, que tentava dispersar os saqueadores. "Se não conseguirmos resolver hoje o problema da comida, teremos uma situação muito complicada", declarou a prefeita Van Rysselberghe.

Se o panorama em Concepción é dramático, a situação das comunidades costeiras afetadas por um tsunami no sábado é ainda mais preocupante. Na vizinha Talcahuano e em Dichato, embarcações foram carregadas para terra firme pela força das águas.

Ao longo de todo o país, a destruição pode ser vista em dezenas de pontes caídas, edifícios derrubados e ruas bloqueadas por escombros, o que dificulta ainda mais a chegada de ajuda.

Na capital Santiago, o aeroporto internacional continua fechado neste domingo, devido aos destroços do terminal de passageiros. Neste domingo, entretanto, a chegada de alguns voos foi permitida, segundo a televisão chilena, uma vez que a pista do aeroporto não foi danificada pelo tremor.

Enquanto isso, a solidariedade internacional se multiplica. No sábado, vários países anunciaram sua intenção de enviar ajuda ao Chile, enquanto organismos internacionais como o FMI, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento se comprometeram a auxiliar na reconstrução do país.

O terremoto, um dos mais fortes da história, gerou alertas de tsunami em toda a costa do Pacífico, sem que tenham sido registrados danos importantes. Mesmo assim, o Japão e o Havaí organizaram evacuações em massa de suas populações costeiras para evitar mais uma tragédia.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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