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América Latina

Chanceleres chegam hoje a Quito para defender democracia

1 out 2010 - 12h43
(atualizado às 15h37)
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Os chanceleres de Argentina, Chile, Bolívia, Uruguai e Colômbia, viajaram nesta sexta-feira para o Equador para manifestar o apoio da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) ao presidente Rafael Correa, depois de uma cúpula de mandatários na capital argentina. A viagem acontece um dia depois da crise provocada por policiais rebelados, que mantiveram o presidente Rafael Correa cercado em um hospital.

Protesto leva Equador a decretar estado de exceção:

"O caminho do golpismo que começou em Honduras não terminou. O objetivo disto é atacar os governos progressistas e a democracia na América Latina", declarou o chanceler argentino Héctor Timerman antes de embarcar. "O que aconteceu no Equador é um golpe, não há outra explicação", insistiu o chanceler, atribuindo a ação "a setores monopólicos e concentrados da economia".

Com Timerman viajaram os chanceleres David Choquehuanca, da Bolívia, e Luis Almagro, do Uruguai. Em outro voo viajaram María Angela Holguín, da Colômbia, Alfredo Moreno, do Chile, e Antônio Patriota, vice-chanceler do Brasil. Rafael Folonier representará o secretário-geral da Unasul, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner.

A viagem dos chanceleres foi decidida pelos presidentes da Unasul reunidos com urgência na madrugada desta sexta-feira em Buenos Aires para abordar a situação do Equador. Em um documento de seis pontos, os mandatários "condenaram energicamente a tentativa de golpe de Estado e o posterior sequestro do presidente Rafael Correa", ocorridos na última quinta-feira no Equador.

Pouco depois da partida dos ministros, embarcou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que antes de viajar explicou por que a viagem ao Equador é feita por chanceleres e não presidentes. "Uma viagem dos presidentes tem outra conotação. Esta decisão de que os chanceleres viajem é a correta, dado que houve um desfecho (em Quito). Tudo tem seu momento", afirmou o presidente venezuelano.

O vice-ministro das Relações Exteriores do Equador, Kinto Luccas, disse à agência EFE que a chegada do grupo está prevista para acontecer entre 16h e 17h da hora local (entre 18h e 19h de Brasília).

Luccas disse que a maioria dos chanceleres viajará em dois aviões, um brasileiro e outro argentino, diretamente de Buenos Aires, onde se reuniram ontem à noite devido à crise provocada no Equador pelo protesto de policiais contra a eliminação de benefícios profissionais. "Estão confirmados todos os países", disse.

Luccas assinalou que os delegados sul-americanos se reunirão com o titular da diplomacia equatoriana, Ricardo Patiño, na sede da Chancelaria, e também com Correa, provavelmente no palácio de Carondelet, a sede do Executivo.

Entenda o caso
Os distúrbios registrados no Equador têm origem na recusa dos militares em aceitar uma reforma legal proposta pelo presidente Rafael Correa para reduzir os custos do Estado. As medidas preveem a eliminação de benefícios econômicos das tropas. Além disso, o presidente também considera a dissolução do Congresso, o que lhe permitiria governar por decreto até as próximas eleições, depois que membros do próprio partido de Correa, de esquerda, bloquearam no legislativo projetos do governante.

Isso fez com que centenas de agentes das forças de segurança do país saíssem às ruas da capital Quito para protestar. O aeroporto internacional chegou a ser fechado. No principal regimento da cidade, Correa tentou abafar o levante. Houve confusão, e o presidente foi agredido e atingido com bombas de gás. Correa precisou ser levado a um hospital para ser atendido. De lá, disse que há uma tentativa de golpe de Estado. Foi declarado estado de exceção no Equador - com militares convocados para garantir a segurança nas ruas. Mesmo assim, milhares de pessoas saíram às ruas da cidade para apoiar o presidente equatoriano.

Após passar mais de 10 horas no hospital, Correa foi resgatado do prédio cercado por rebeldes. Na operação, houve troca de tiros entre militares e policiais. Correa foi levado para o Palácio Presidencial, de onde discursou para milhares de simpatizantes. Segundo a Cruz Vermelha do Equador, duas pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas nos distúrbios.

EFE   
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