Chanceler do Equador diz que é preciso "arrancar raízes golpistas"
1 out2010 - 18h36
(atualizado às 19h29)
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O ministro do exterior do Equador, Ricardo Patiño, disse nesta sexta-feira que ainda há preocupação quanto ao que chamou de "tentativas golpistas" no país e que é preciso "arrancar as raízes" da instabilidade.
Veja momento em que presidente do Equador é atacado:
A declaração foi feita pelo chanceler um dia depois dos protestos de policiais que deixaram pelo menos dois mortos e 88 feridos e que, segundo o governo, foram uma tentativa de golpe de estado.
"Não podemos cantar vitória totalmente", afirmou Patiño a jornalistas em Quito, pouco antes de entrar ao Palácio presidencial para uma reunião com o presidente Rafael Correa.
"Não podemos dizer que (os policiais) estão rebelados, não posso estar seguros de que está tudo tranquilo, pelo menos a situação está bastante controlada", disse o chanceler. "A tentativa golpista possivelmente tem raízes por ai, há que buscá-las e arrancá-las."
Patiño voltou a responsabilizar ao ex-presidente equatoriano, Lúcio Gutierrez, de estar por trás dos protestos.
"Os policiais gritavam viva Lúcio (...) um ou outro falava da questão salarial. Para nós fica claro que Lúcio está por trás", afirmou.
Pixações
A intranquilidade do governo pode ser notada pelo cerco militar montado ao redor do Palácio de Carondelet, sede do governo.
Centenas de militares protegem as ruas de acesso ao Palácio. Perto dali, alguns simpatizantes que apoiam ao presidente vão chegando aos poucos.
A expectativa é que no final da tarde seja realizada uma grande manifestação de apoio à Correa. ,/p>
O palácio, porém, é o único lugar visivelmente militarizado na cidade.
Nas ruas, o clima é de absoluta tranquilidade, diferentemente do registrado na última quinta-feira, quando militares e membros do Exército trocaram tiros durante pelo menos 40 minutos durante a operação de resgate do presidente.
Correa sofreu um cerco policial de horas no hospital militar para onde foi levado, depois de ter sido apedrejado por policiais enquanto tentava negociar com os policiais o fim das manifestações.
Nos muros da cidade, no entanto, está pixada a memória da crise. As frases "Polícia ingrata", "Não à amnésia, 30.09", "Polícia: mentir e desproteger" e "Lúcio (Gutiérrez) culpado" foram escritas nas ruas que dão acesso ao Quinto Regimento, o principal quartel tomado pelos policiais na véspera.
Neste regimento, a polícia criminalística realizava análises com base aos vestígios do enfrentamento que deixou pelo menos dois mortos, um policial e um militar, e 88 feridos, entre civis e efetivos de segurança.
A polícia equatoriana, inclusive os policiais que se rebelaram contra o presidente equatoriano, voltou às suas atividades. "Todos estamos trabalhando normalmente", afirmou uma policial à BBC Brasil.
Correa disse que "não haverá perdão, nem esquecimento" e prometeu culpar os responsáveis pela rebelião policial. De acordo com a imprensa local, três coronéis foram convocados à declarar.
Unasul
Na tarde desta sexta-feira, chanceleres dos países da Unasul e o secretário geral da Organização de Estados Americanos (OEA) José Miguel Insulza deverão se reunir com o presidente equatoriano.
"O apoio dos países da região nos alegra e nos fortalece", disse Patiño. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler Celso Amorim conversaram com Correa por telefone. "Brasil tem estado muito presente", disse.
O pivô da crise foi a aprovação de uma lei no Congresso que prevê mudanças nas regras para o pagamento de todos os Servidores Públicos do país, incluindo policiais.
A medida estabelece o fim do pagamento de bônus pagos a cada cinco anos e transfere esses recursos ao salário mensal dos trabalhadores.
Os policiais no entanto, argumentam que a lei, afeta seus salários. A rebelião policial, no entanto, é vista pelo governo como uma desculpa de setores políticos do país para insuflar uma tentativa de golpe de Estado.
Entenda a crise Os distúrbios registrados no Equador têm origem na recusa dos militares em aceitar uma reforma legal proposta pelo presidente Rafael Correa para reduzir os custos do Estado. As medidas preveem a eliminação de benefícios econômicos das tropas. Além disso, o presidente também considera a dissolução do Congresso, o que lhe permitiria governar por decreto até as próximas eleições, depois que membros do próprio partido de Correa, de esquerda, bloquearam no legislativo projetos do governante.
Isso fez com que centenas de agentes das forças de segurança do país saíssem às ruas da capital Quito para protestar. O aeroporto internacional chegou a ser fechado. No principal regimento da cidade, Correa tentou abafar o levante. Houve confusão, e o presidente foi agredido e atingido com bombas de gás. Correa precisou ser levado a um hospital para ser atendido. De lá, disse que havia uma tentativa de golpe de Estado. Foi declarado estado de exceção no Equador - com militares convocados para garantir a segurança nas ruas. Mesmo assim, milhares de pessoas saíram às ruas da cidade para apoiar o presidente equatoriano.
Após passar mais de 10 horas no hospital, Correa foi resgatado do prédio cercado por rebeldes. Na operação, houve troca de tiros entre militares e policiais. Correa foi levado para o Palácio Presidencial, de onde discursou para milhares de simpatizantes. Segundo a Cruz Vermelha do Equador, duas pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas nos distúrbios.
O presidente Rafael Correa é carregado após passar mal por causa do gás lançado durante os protestos
Foto: AFP
Rafael Correa, vestindo máscara de proteção contra gás, recebe ajuda para sair do local do protesto
Foto: AFP
O presidente equatoriano usa máscara enquanto fala com repórteres, pouco antes de ir para o hospital
Foto: AFP
Rafael Correa (centro, de terno) fica em meio à fumaça do gás jogado durante os protestos
Foto: AFP
O presidente equatoriano, Rafael Correa, faz pronunciamento no Regimento do Exército de Quito
Foto: AFP
Policial rebelde participa do protesto, em Quito
Foto: AFP
Soldado usa máscara de proteção contra gás durante a manifestação militar
Foto: AFP
Rafael Correa usa máscara anti-gás e recebe ajuda de assessores para sair do local do protesto
Foto: Reuters
Rebeldes queimam pneus durante o movimento próximo ao quartel de polícia, em Quito
Foto: Reuters
O presidente equatoriano, Rafael Correa, retira a máscara enquanto caminha entre os manifestantes
Foto: Reuters
O presidente Rafael Correa faz discurso no quartel de Quito, pouco antes de ser atingido por gás lacrimogêneo
Foto: Reuters
Policial rebelde usa máscara enquando bombas de gás lacrimogêneo são lançadas
Foto: AFP
Assessores ajudam o presidente Rafael Correa a retirar a máscara anti-gás lacrimogêneo
Foto: Reuters
Manifestantes seguram cartazes e apoiam movimento policial rebelde, na capital equatoriana
Foto: Reuters
General de polícia fala aos rebeldes durante a movimentação contra o governo de Correa, em Quito
Foto: Reuters
Assessores limpam o rosto de Rafael Correa, que foi agredido por rebeldes durante o protesto militar
Foto: EFE
Militares rebeldes ocupam a pista do aeroporto de Quito, que foi fechado devido ao protesto
Foto: EFE
Manifestantes queimam pneus em frente à unidade policial, em Quito
Foto: EFE
Militares rebeldes tomam a pista do aeroporto de Quito durante os distúrbios provocados por protestos
Foto: Reuters
Militares rebeldes seguram cartaz com reclamações sobre as leis impostas pelo governo equatoriano
Foto: Reuters
O presidente chileno, Sebastián Piñera, emite declaração em que expressa seu respaldo a Correa
Foto: EFE
Policiais jogam gás lacrimogêneo contra apoiadores do presidente Rafael Correa em frente à Assembleia
Foto: AFP
Integrantes da Força Aérea fazem guarda em frente ao Aeroporto Mariscal Sucre, em Quito
Foto: AFP
O fotógrafo da assessoria do governo equatoriano Miguel Jimenez (centro) é cercado por policiais em frente ao quartel de Quito
Foto: AFP
Policiais amotinados prendem um guarda-costas em frente ao hospital onde está o presidente Rafael Correa
Foto: AFP
O presidente da Bolívia, Evo Morales, teve um "grave tumor" no nariz no início de 2009 e foi convidado pelo presidente Lula para ser operado em um hospital de São Paulo, segundo um documento divulgado pelo WikiLeaks e desmentido pelo porta-voz de Morales, Ivan Canelas. O documento, de 22 de janeiro de 2009, traz uma conversa entre o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o embaixador americano no Brasil, Clifford M. Sobel, confirmando a questão
Foto: Reuters
Ministro das Relações exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, lê declaração do presidente, Raul Castro sobre a situação no Equador
Foto: Reuters
Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, falou durante visita ao Haiti
Foto: EFE
Secretario geral da Organização dos Estados Americanos fala sobre a crise no Equador
Foto: EFE
O presidente boliviano, Evo Morales, fala sobre a crise no Equador
Foto: Reuters
Policial rebelado usa placa de publicidade como escudo para se defender de pedras atiradas por simpatizantes do presidente Rafael Correa
Foto: Reuters
Manifestantes protestam em frente à embaixada equatoriana em Caracas, na Venezuela, contra crise no Equador
Foto: Reuters
População vai às ruas para manifestar apoio ao presidente Rafael Correa, que se refugiou em hospital após ser agredido em praça pública
Foto: AP
Mulher ergue cartaz em protesto contra a polícia em Quito: "os que estão armados jamais poderão dialogar"
Foto: AP
Policial sai com a mão ferida após confronto com grupos que apoiam o presidente Rafael Correa no Equador
Foto: EFE
Simpatizante do presidente Rafael Correa sofre com o gás lacrimogêneo usado pela polícia
Foto: Reuters
Simpatizantes de Rafael Correa entram em conflito com policiais do lado de fora do hospital onde o presidente equatoriano se refugiou
Foto: AP
O presidente do Equador, Rafael Correa, fala com a imprensa no palácio do governo em Quito, no Equador. O Exército resgatou Correa de um hospital onde tinha sido preso pelos rebeldes há mais de 12 horas, quando foi apreendido em meio ao gás lacrimogêneo disparado por centenas de policiais indignados com uma lei que, segundo alegam, cortaria seus benefícios
Foto: AP
Militares estendem faixa em frente ao Palácio Presidencial, em apoio ao governo de Rafael Correa
Foto: AP
Simpatizantes do presidente Rafael Correa seguram bandeiras e manifestam apoio junto a soldados
Foto: AP
Da janela do Palácio Presidencial, soldado olha para as ruas de Quito, que amanheceram calmas
Foto: AP
Militares da equipe especial resgatam o presidente Rafael Correa do hospital, em Quito
Foto: AFP
Chanceleres do Uruguai, Luis Almagro, da Argentina, Hector Timerman, do Equador, Ricardo Patino e da Bolívia, David Choquehuanca, chegaram a Quito para reunião
Foto: AP
Militares carregam corpo do soldado Jacinto Cortez, morto na operação de resgate de Correa
Foto: Reuters
Chanceleres buscam ratificar o respaldo à democracia após os distúrbios