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Mundo

Brasil afasta possibilidade de que "Baby Doc" cause instabilidade

18 jan 2011 - 09h57
(atualizado às 09h59)
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Laryssa Borges
Direto de Porto Príncipe

A chegada inesperada do ex-ditador Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier, se não foi uma surpresa tão grande para os soldados da Força Militar que atuam no Haiti - que foram avisados da viagem do ex-presidente exilado pelo primeiro-ministro Jean-Max Bellerive - contribui com mais combustível para o já inflamado e instável processo eleitoral por que passa o País.

O ex-ditador acena de seu hotel em Petionville, no seu retorno ao Haiti após 25 anos de afastamento
O ex-ditador acena de seu hotel em Petionville, no seu retorno ao Haiti após 25 anos de afastamento
Foto: Reuters

Os três candidatos que podem concorrer ao segundo turno - o governista Jude Celestin, o cantor Michel Martelly e a ex-primeira-dama Mirlande Manigat - são amados e odiados pelos haitianos, que foram às urnas em 28 de novembro, mas voltam a ser reféns de uma recomendação externa, a da Organização dos Estados Americanos (OEA), para poder conhecer o seu próximo presidente.

A presença de Baby Doc, que foi reverenciada no domingo por 2 mil simpatizantes no aeroporto Toussaint L'Ouverture, em Porto Príncipe, é vista sem alarde pelas tropas brasileiras. Nas ruas, no entanto, a expectativa é de protestos após o anúncio, possivelmente nesta terça-feira, pelo comitê eleitoral provisório de quais candidatos irão disputar o turno suplementar do processo eleitoral.

"Não há possibilidade de nenhum grupo aqui trazer ou conquistar poder ou ameaçar o Estado ou qualquer outra coisa que possa trazer de mais ao País em função do uso indiscriminado da violência. Poderá haver manifestações, faz parte do processo, pode haver pneu queimado, isso é parte do processo, mas não verá nenhum grupo capaz de trazer o que seria uma revolução, uma troca do poder que não fosse diante das leis haitianas. Não há nenhuma força capaz de fazer isso", garantiu o comandante da Força Militar que atua no Haiti, general Luiz Guilherme Paul Cruz, que admitiu ainda que, diante da presença de Baby Doc em Porto Príncipel, "até esperava mais manifestações".

"Manifestações a favor e contra são do processo. Houve gente que foi para a frente do aeroporto gritar palavras de ordem? Houve. É o processo, e a nós não cabe intervir nisso de forma alguma. Há um sentimento variado em relação a Baby Doc. Alguns se lembram das benesses que tiveram desse governo e outros se lembram do terror que tiveram nesse governo", disse o militar, que mandou um recado ao ex-ditador.

"Cumpra as leis do país. Eu tenho um mandato que diz 'segurança e estabilidade' e 'Estado de direito'. Ele deve Seguir todas as normas. Ele sendo um ator político e fazendo sua ação política dentro da lei do seu país eu permaneço com a minha missão, que é observar, mas volto a dizer que nenhum grupo tem força para enfrentar a questão presente", declarou.

Fonte: Redação Terra
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