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América Latina

Bolívia quer afastar homens violentos de cargos públicos

25 nov 2014 - 22h59
(atualizado às 22h59)
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Mulher que perdeu a filha em caso de feminicídio protesta em La Paz
Foto: David Mercado / Reuters

As ministras do governo da Bolívia propuseram, nesta terça-feira, que os homens que cometerem atos de violência de gênero sejam impedidos de assumir cargos públicos. A reivindicação acontece no mesmo dia em que centenas de mulheres bolivianas se manifestaram exigindo o fim dos feminicídios.

A Bolívia é o país latino-americano com mais altos índices de violência física contra as mulheres, e o segundo depois do Haiti em violência sexual, segundo dados da ONU.

As ministras do governo apresentaram nesta terça-feira um decreto para impedir que os homens que cometerem atos de violência contra as mulheres sejam designados ou aprovados para ocupar cargos da administração estatal.

"Queremos fora das listas os violentos e os machistas", disse a ministra de Transparência e Luta Contra a Corrupção, Nardi Suxo, sobre as candidaturas elaboradas para as eleições regionais e municipais de março de 2015.

A legislação também afetaria, segundo a proposta das ministras, os professores, a polícia e as Forças Armadas.

Várias organizações pediram, no centro de La Paz, que seja declarado um alerta nacional e que a Justiça atue em vários casos de feminicidio que estão paralisados, exigindo a aplicação das leis de proteção às mulheres.

"Nem uma mais!", clamaram as mulheres que marcharam pelas ruas carregando cartazes e fotografias das vítimas de violência de gênero, durante a celebração do Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, na terça-feira.

Os casos de feminicídio, crime definido na legislação boliviana como o assassinato de uma mulher por seu gênero, aumentaram este ano apesar da legislação de proteção às mulheres vigente desde 2013 no país andino, que pune esse crime com 30 anos de prisão sem direito a condicional.

Neste ano, a Defensoria Pública registrou 103 casos de feminicídio, 63% deles cometidos por maridos, namorados ou parceiros, divulgou a instituição.

Na Bolívia, oito em cada dez mulheres sofrem algum tipo de violência e a maioria dos casos acontece dentro de casa, índice que supera a média mundial, de 30%, alertou a Defensoria.

Os casos de violência de gênero registrados na Bolívia são "cometidos de formas extremamente cruéis e brutais, que evidenciam em muitos casos a tortura e a humilhação anteriores ao assassinato", acrescentou a entidade.

EFE   
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