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América Latina

Exposição em Buenos Aires mostra Francisco antes do papado

6 jun 2013 - 06h07
(atualizado às 08h01)
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O fotógrafo argentino Miguel Cangas ao lado de uma das imagens da exposição
O fotógrafo argentino Miguel Cangas ao lado de uma das imagens da exposição
Foto: EFE

As imagens de Jorge Bergoglio, que durante quase uma década foram captadas por um fotógrafo argentino e que podem ser vistas em uma exposição num convento de Buenos Aires, já antecipavam os gestos do papa Francisco que hoje tanto cativam o mundo.

Enquanto as fotos do pontífice, quase sempre sorridente, se multiplicam diariamente na internet e nos jornais do mundo inteiro, a exposição "Francisco: servidor em Buenos Aires, servidor para o mundo" mostra imagens inéditas até agora de um pastor um tanto esquivo diante das câmeras.

As paredes do mosteiro de Santa Catarina exibem desde terça-feira 25 destas imagens, de um total de 100, que foram fotografadas desde 2003 por Enrique Cangas. "Nestas fotos, podemos ver muitos de seus gestos, esses que hoje vemos no Vaticano e que para nós são uma continuação daqueles que ele fazia aqui em Buenos Aires", disse Cangas à agência EFE, que como profissional colaborou como voluntário com a Arquidiocese de Buenos Aires.

Algo surpreendente: enquanto hoje milhares de pessoas na Praça de São Pedro tiram fotos de seus celulares na passagem do "papamóvel" e Francisco não economiza nos gestos de proximidade, Cangas revelou que o arcebispo Bergoglio "não era uma pessoa que gostava muito da proximidade das câmeras".

"Sempre fui muito respeitoso com ele. Não me arrependo, mas penso em quantas vezes não quis tirar fotos para não incomodá-lo ou interromper a intimidade de um momento de oração", contou Cangas.

Outra curiosidade: Francisco não esconde seu rosto amável, alegre, mas para este fotógrafo as imagens de Bergoglio que mais deram trabalho foram, precisamente, as de seus sorrisos. "Eu agora o vejo sorrir constantemente, o vejo feliz no Vaticano. Mas em Buenos Aires, ele estava comprometido com temas muito pesados, como o tráfico humano e a pobreza. Essas ocasiões de fotos eram momentos em que não estava muito relaxado. Então era difícil conseguir dele um sorriso", contou.

Mesmo assim, a mostra recupera este rosto afável de Francisco, em fotos junto com meninos na missa anual para as crianças e em encontros com os evangélicos. De um destes encontros, que fala por si só do compromisso do Papa com o diálogo ecumênico, data uma das fotos mais impactantes da exposição. Nela se vê Bergoglio participando como mais um, num ato organizado pelos evangélicos no estádio Luna Park de Buenos Aires, com cinco mil pessoas.

O jesuíta estava sentado na parte alta das arquibancadas, quase no fundo - algo parecido com a localização que escolheu na capela da casa Santa Marta de Roma. Em um momento, os animadores do encontro propõem aos presentes que abracem o "irmão" sentado ao lado e orem em seu ouvido pedindo a Deus por ele. Desse instante, Cangas imortalizou Bergoglio apoiando a cabeça no peito de um jovem que orava em seu ouvido.

Outra das fotos preferidas de Cangas é uma na qual o cardeal está ajoelhado em frente às pessoas que rezam por ele, uma cena que praticamente se repetiria no dia 13 de março de 2013, quando o recém eleito Papa se apresentou para a multidão reunida na Praça de São Pedro e pediu que rezassem ali mesmo por ele.

Também é significativa a primeira foto que Cangas fez de Bergoglio lavando os pés dos doentes no hospital Tornú de Buenos Aires, um gesto que Francisco repetiu neste ano na Quinta-Feira Santa, com meninas e rapazes detidos em uma prisão para menores de Roma.

"O que desejo é que as pessoas, ao verem estas fotos, descubram a presença de Deus neste homem. É possível ver claramente em muitas destas imagens sua simplicidade e humildade, a alegria em sua expressão, que é o que o caracteriza", afirmou Cangas.

O fotógrafo tem a intenção de levar a mostra, que fica exposta em Buenos Aires até o dia 28 de junho, à Jornada Mundial da Juventude que será realizada no Rio de Janeiro em julho.

EFE   
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