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América Latina

Ataque do ELN afasta do horizonte processo de paz com governo colombiano

27 out 2015 - 21h57
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O ataque do Exército de Libertação Nacional (ELN) que deixou 12 mortos, fora o sequestro de dois soldados, segundo confirmou nesta terça-feira o governo da Colômbia, afasta do horizonte o início de um processo de paz com a guerrilha.

A captura dos dois militares foi denunciada pelo ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas. Inicialmente, eles tinham sido dados como desparecidos junto a outras pessoas que faziam parte de uma comitiva eleitoral que retornava de uma comunidade indígena no município de Güican, no departamento de Boyacá, perto da fronteira com a Venezuela.

"Dois soldados da pátria estão sendo mantidos reféns pelo ELN. A vida, a integridade e o retorno dos militares às nossas Forças Armadas e às suas famílias são responsabilidade da guerrilha", afirmou Villegas após uma reunião que realizou hoje com o presidente do país, Juan Manuel Santos, e a cúpula do Exército.

No começo da manhã, o comandante do Exército, general Alberto Mejía, informou que a maioria dos desaparecidos tinha sido localizada. Faltavam apenas dois soldados, identificados como Andrés Felipe Pérez e Antonio Rodríguez Clayder, capturados pelos guerrilheiros da ELN.

A emboscada, que provocou a morte de 11 militares e um policial, assim como o sequestro dos dois soldados, pode atrasar o início das conversas de paz entre o governo e a ELN, especuladas há meses.

Nesse sentido, o analista político León Valencia revelou à Agência Efe que a previsão inicial era que as duas partes se reunissem nesta semana para acertar os últimos detalhes das conversas públicas.

O bom momento entre o governo e a ELN tinha sido sinalizado no início de setembro, quando o líder dos guerrilheiros, Nicolás Rodríguez Bautista, conhecido como "Gabino", afirmou que só faltava "3%" para iniciar a negociação após longos "diálogos exploratórios" que começaram a ser realizados em janeiro.

Valencia confirmou as declarações de "Gabino" e afirmou que o ataque de ontem foi "muito infeliz", já que só faltava definir detalhes para dar início à fase pública dos diálogos de paz. Para ele, o atentado "prejudica muito o ambiente" e sempre provoca "um gosto ruim" na opinião pública.

No entanto, o analista, que foi membro do ELN, afirmou que "são atos de (demonstração) de força certamente não planejados", mas que fazem parte da dinâmica do grupo armado, que tem o poder descentralizado em vários comandos espalhados pelo país.

Valencia espera que, apesar do incidente, as negociações sigam seu rumo e "em semanas" se inicie um processo de diálogo similar ao realizado há três anos pelo governo e integrantes das Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc).

No processo pesará muito o fato de o ELN ser mais disperso pelo país e de o Comando Central, a maior instância do grupo, não ter tanta autoridade sobre os guerrilheiros como as Farc.

Por outro lado, o procurador-geral da Colômbia, Alejandro Ordoñez, adotou um discurso muito mais contundente e pediu ao governo para suspender os "diálogos exploratórios" com a ELN até que a guerrilha se comprometa a não realizar "atos de barbárie" como o ataque contra a patrulha ontem.

"Isso deve ter consequências. É o que o país exige, é um ato elementar de prudência", destacou Ordóñez, um dos principais críticos às negociações de paz com as Farc.

O tratamento que os guerrilheiros darão aos dois soldados é fundamental, não só para o futuro dos diálogos com a ELN, mas do impacto que a ação possa ter sobre a opinião pública.

Enquanto isso, o Exército e a Polícia redobraram os esforços contra a ELN e já conseguiram os primeiros resultados, após a prisão de três integrantes da guerrilha em uma operação.

Além disso, a Força Aérea Colombiana (FAC) desenvolve operações conjuntas transportando tropas do Exército, assim como realizando voos de vigilância e reconhecimento sobre a área onde a comissão eleitoral foi atacada.

EFE   
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