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América Latina

A um passo do 2º mandato, Raúl Castro deve aprofundar reformas

Raúl Castro foi nomeado formalmente presidente de Cuba em fevereiro de 2008, dois anos após assumir de forma interina a direção do país

23 fev 2013 - 18h04
(atualizado às 18h27)
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<p>O presidente cubano deve ser conduzido a um novo mandato no domingo</p>
O presidente cubano deve ser conduzido a um novo mandato no domingo
Foto: EFE

Cuba constituirá no domingo sua nova Assembleia Nacional do Poder Popular, em uma sessão que deve confirmar Raúl Castro para um segundo mandato presidencial, com o desafio de aprofundar seu plano de reformas para "atualizar" o socialismo.

A sessão foi precedida de declarações inusitadas do general Castro, que na sexta-feira passada, em Havana, brincou com a possibilidade de renunciar devido a sua idade avançada. "Vou renunciar. Já vou completar 82 anos, já tenho direito de me aposentar, não acham?", disse o presidente em tom de brincadeira aos jornalistas que cobriam um ato oficial da visita à ilha do primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev.

Raúl Castro foi nomeado formalmente presidente de Cuba em fevereiro de 2008, dois anos após assumir de forma interina a direção do país ao substituir seu irmão Fidel quando este adoeceu e delegou o poder.

Se a Assembleia Cubana (Parlamento unicameral) ratificar amanhã Raúl Castro, será seu último mandato presidencial, de acordo com sua intenção de limitar os cargos políticos a um máximo de dois períodos consecutivos de cinco anos.

Durante seu governo, a gestão de Raúl se empenhou em impulsionar um plano de reformas para tentar estimular, sem renunciar ao socialismo, uma economia quebrada desde a queda do bloco soviético.

O plano de "atualização" do sucessor de Fidel abriu na ilha comunista espaços controlados para a iniciativa privada com a ampliação do trabalho autônomo e novas formas de gestão cooperativa e tenta desmontar parte do ineficiente setor estatal com medidas como uma drástica redução de hierarquias em ministérios e outros organismos.

Raúl Castro também suprimiu proibições e restrições que saturaram os cubanos durante décadas como as limitações para as viagens ao exterior ou relativas à compra e venda de imóveis e veículos entre particulares.

A "batalha econômica" em um país que gasta US$ 1,5 bilhão por ano importando 80% dos alimentos que consome e onde o salário médio não chega aos US$ 20 foi o empenho do general Castro, cujas reformas são, no entanto, criticadas por sua lentidão e suas limitações.

Outras bandeiras de seu mandato foram a luta contra a corrupção e o engessamento, com apelos constantes a romper "a colossal barreira psicológica de uma mentalidade arraigada em hábitos e conceitos do passado", mas sempre a fim de preservar a Revolução que triunfou em 1959 e suas conquistas.

Por isso, suas reformas não foram acompanhadas de mudanças políticas substanciais além da promessa de limitar mandatos: Cuba segue tendo um regime de partido único, o comunista, e continua na mira das críticas internacionais quanto a direitos e liberdades fundamentais.

Entre os desafios do ciclo que se inicia amanhã estão o aprofundamento das reformas econômicas, assim como garantir a continuidade nas estruturas do poder cubano diante da avançada idade da direção histórica da evolução.

Na sessão de amanhã, Cuba iniciará seu oitavo mandato com a constituição da Assembleia Nacional do Poder Popular, integrada por 612 deputados, que elegerão a direção da câmara (presidente, vice-presidente e secretário) para os próximos cinco anos.

O alívio do presidente do Parlamento é notável, pois quem foi seu titular durante 20 anos, o histórico dirigente Ricardo Alarcón, não foi incluído como candidato a deputado no último processo eleitoral.

Em seguida, o Parlamento elegerá os 31 membros do Conselho de Estado - órgão que representa a Assembleia Nacional entre cada período de sessões - entre eles o presidente do país e seu primeiro vice-presidente.

Com a provável reeleição de Raúl Castro, uma das incógnitas que ficam é se será mantido na primeira Vice-Presidência do país o histórico e também octogenário número 2 do governo, José Ramón Machado Ventura, ou se haverá uma nova cara para este posto.

Muitos veem em Miguel Díaz-Canel, de 52 anos e um dos atuais vice-presidentes do governo, o mais indicado para sucessor de Raúl Castro, diante da ascensão de sua carreira política e de sua notável visibilidade pública nos últimos tempos.

O Conselho de Estado da República de Cuba é integrado, ainda, por cinco vice-presidentes, um secretário e outros 23 membros.

EFE   
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