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Mundo

A dois meses de eleição, México tem favorito e 2º lugar acirrado

13 mai 2012 - 07h19
(atualizado em 14/5/2012 às 15h49)
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Elisa Martins
Direto da Cidade do México

Enrique Peña Nieto, do PRI, é o favorito para vencer o pleito presidencial mexicano, marcado para 1º de julho
Enrique Peña Nieto, do PRI, é o favorito para vencer o pleito presidencial mexicano, marcado para 1º de julho
Foto: AFP

A menos de dois meses para as eleições presidenciais no México, o país já parece decidido sobre quem escolherá para líder nos próximos seis anos. As últimas pesquisas de intenções de voto apontam um claro favoritismo de Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI). Jovem e casado com uma atriz de novela, o ex-governador do Estado do México é o trunfo da legenda para voltar ao poder depois de 12 anos de domínio do Partido Ação Nacional (PAN) com Vicente Fox e Felipe Calderón. No primeiro debate realizado entre os candidatos, no dia 6, Peña Nieto contrariou as expectativas sobre seu fraco desempenho em situações de improviso e soube defender-se dos ataques rivais sem despentear seu famoso topete. Analistas afirmam que seus concorrentes terão que fazer mudanças urgentes de estratégia caso queiram ter chances nas urnas no dia 1º de julho.

Atualmente, Peña Nieto tem uma vantagem de vinte pontos sobre a segunda colocada, a candidata governista Josefina Vázquez Mota, do Partido Ação Nacional (PAN). Em um empate técnico com a candidata que tenta ser a primeira mulher presidente do país, está o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), que perdeu nas últimas eleições por uma diferença mínima e polêmica de 0,56% para o atual presidente Felipe Calderón. Em quarto lugar, está Gabriel Quadri, do partido Nova Aliança. É o candidato que apresenta propostas mais frescas em um ambiente político viciado, mas desconhecido dos eleitores e apoiado por Elba Esther Gordillo, uma sindicalista associada à corrupção, tem 1% das intenções de voto.

"O PRI entendeu como fazer campanha e encontrou um produto atrativo principalmente para o eleitorado jovem. O partido tem feito um trabalho de marketing impressionante, com uma boa resposta dos eleitores, que parecem decididos de que ele é o melhor para o país", explica o analista político Genaro Lozano, do Instituto Tecnológico Autônomo do México (Itam).

Em sua campanha, o PRI usa o argumento de mudança e alternância para justificar sua volta ao poder. Mas, antes dos doze anos de PAN, foi o PRI que esteve no comando do país, durante mais de 70 anos. Entre os eleitores mais velhos, o partido passa a imagem de antigos vícios e frequentes acusações de corrupção - uma imagem que a legenda tenta mudar com um produto "fresco" como Peña Nieto.

"Os jovens que votarão pela primeira vez, que representam 20% do eleitorado, nunca viveram os governos do PRI. Eles cresceram sob dois governos do PAN. Mas aqueles que conheceram o passado sabem que uma vitória do PRI seria o retorno às velhas práticas do partido. Até porque Peña Nieto ainda não mostrou quem é o novo PRI de que fala", analisa Lozano.

Mesmo assim, os rivais ainda parecem longe na corrida presidencial. A disputa mais acirrada é pelo segundo lugar, entre Josefina Vázquez Mota e López Obrador. A candidata do PAN começou a campanha à frente de Obrador, mas perdeu espaço. Analistas acreditam que ela acaba prejudicada pelo fato de não criticar nem romper com o governo atual, como fez Calderón em relação a Fox quando era candidato. No debate, a candidata insistiu em que é a opção para manter a paz no país, ignorando que o governo de Calderón já contabiliza mais de 50 mil mortos nos enfrentamentos entre cartéis de drogas e as forças de segurança.

Já López Obrador teve sua imagem política desgastada em 2006, quando se recusou a aceitar o resultado apertado das eleições, acusando o Instituto Federal Eleitoral de fraude. Na ocasião, o ex-prefeito da Cidade do México montou plantões no centro da capital, ganhando a imagem de um político conflituoso, que os eleitores parecem não esquecer mesmo com sua idea de criação de uma "República amorosa" agora divulgada pelo esquerdista. Apesar disso, o candidato do PRD usa como trunfos uma proposta econômica distinta e sua imagem de honestidade em um país em que a corrupção continua crescendo.

Nada de novo

O debate realizado no dia 6 movimentou a disputa. López Obrador afirmou que vai começar uma nova estratégia. Anunciou nomes importantes para um potencial gabinete e acionou personalidades da esquerda mexicana, como o ex-candidato presidencial Cuauhtémoc Cárdenas e o prefeito da capital Marcelo Ebrard, para alavancar sua campanha. O próximo debate será realizado no dia 10 de junho, já próximo ao dia das votações.

"O novo encontro entre os candidatos pode ter mais impacto e mexer nas preferências dos eleitores. Mas o mais importante se dará nas próximas semanas, com a mudança na estratégia das campanhas. Algo positivo desde já é que houve interesse dos eleitores em assistir ao debate, que teve maior audiência que a partida de futebol que algumas emissoras insistiram em passar", diz o analista Genaro Lozano.

Para o próximo confronto, os analistas esperam a discussão de temas ausentes no primeiro debate. Mal se falou da atual administração de Felipe Calderón, nem se citou Elba Esther Gordillo, nome por trás do Partido Nova Aliança, personagem onipresente no sindicato de trabalhadores da educação do México e acusada de corrupção. Mas a maior ausência, se afirma, foi a falta de novas propostas profundas sobre segurança.

"Josefina tenta articular uma ideia de que só com ela se alcançará a paz. Os outros candidatos concordam em manter o Exército nas ruas, até que haja uma polícia capaz de dar segurança aos cidadãos. Dizem que a luta continuará, não é nada novo, são os mesmos discursos desde o início da campanha", critica Lozano.

Com propostas mais claras, os candidatos podem lutar pelos votos dos indecisos. No México, votar é um ato cidadão obrigatório, mas não há punições aos eleitores que se recusam. Pesquisas apontam que os que ainda não decidiram em quem votar estão entre 20% e 30% do eleitorado. O número pode fazer a diferença para diminuir a liderança de Peña Nieto ou disparar a preferência pelo candidato, em uma campanha que, até agora, não apresentou surpresas.

Fonte: Especial para Terra
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