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América Latina

Uruguai pedirá aos usuários que comam ou inalem maconha

A ideia do governo é oferecer alternativas para minimizar os danos do uso da droga

13 fev 2013 - 19h04
(atualizado às 19h21)
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Governo uruguaio tem em andamento um plano para legalizar a compra e venda de maconha para combater o narcotráfico
Governo uruguaio tem em andamento um plano para legalizar a compra e venda de maconha para combater o narcotráfico
Foto: AFP

O Uruguai vai pedir aos usuários de maconha que comam ou inalem a substância, através de um vaporizador, ao invés de fumá-la para reduzir os danos causados pela droga e fomentar o uso responsável dos entorpecentes.

A ideia do governo, que tem em andamento um plano para legalizar a compra e venda de maconha para combater o narcotráfico, é realizar uma campanha de saúde pública, que alerte sobre os riscos das drogas e ofereça alternativas para minimizar seus danos "como acontece com o tabaco e o álcool", explicou à agência EFE o secretário geral da Junta Nacional de Drogas do Uruguai, Julio Calzada.

"Este é um trabalho que deve ser feito por todos os governos, dar aos cidadãos uma percepção adequada dos riscos do uso de determinadas substâncias. Trabalhamos para o uso responsável do álcool, por exemplo, para minimizar os danos que causa. E com a maconha não é diferente", disse.

O secretário afirmou que a cannabis "não é inofensiva" e apresenta riscos para a saúde que devem ser conhecidos para que possam ser evitados. "O Estado não recomenda o consumo de substâncias que causam danos, mas informa sobre as atitudes menos arriscadas na hora de fazê-lo", acrescentou.

Nesse sentido, afirmou que fumar maconha gera danos similares para a saúde ao do consumo de tabaco, que prejudica os pulmões e, por isso, é indicado o consumo via oral ou inalado, para evitar tais problemas.

"É preciso dar a informação de que tudo o que se consome através da fumaça traz riscos enormes para o aparelho respiratório. As pessoas têm que tomar decisões com base em informações", insistiu. Além disso, também será divulgado o enorme prejuízo causado pelo consumo da cannabis entre crianças e adolescentes.

Calzada também se referiu às declarações do presidente da Suprema Corte de Justiça (SCJ) do Uruguai, Jorge Ruibal, que afirmou em entrevista que o Estado deveria dar "maconha de graça" aos viciados e que, em troca, os usuários teriam que se inscrever em um cadastro para serem tratados, evitando que "roubem ou recorram ao mercado negro".

Ruibal, máxima autoridade judicial do país, defendeu o projeto de legalização da droga pelo presidente José Mujica e afirmou que sua "intenção não é má", pois pretende "combater o narcotráfico e a agressividade de drogas como a cocaína, que estão ao alcance de qualquer cidadão".

Para Calzada, apesar de ter sido positivo o pronunciamento do juiz sobre este tema, a ideia de distribuir de graça a droga "geraria fortes distorções" no mercado e faria com que boa parte dela terminasse no mercado negro, podendo parar nas mãos de menores de idade ou até fora do país.

"É um tema complexo e é preciso debatê-lo profundamente", declarou.

O Uruguai debate, desde meados do ano passado, um projeto impulsionado pelo governo para legalizar a maconha e fazer do Estado o único responsável pela sua produção e venda, com a ideia de tirar a substância do mercado do narcotráfico e afastar os consumidores do mercado negro em que são comercializadas substâncias mais perigosas.

EFE   
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