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África

Violência e problemas técnicos marcam eleições na Nigéria

28 mar 2015 - 17h12
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Os nigerianos votaram para presidente neste sábado, em eleições prejudicadas pela violência do Boko Haram e por falhas no novo sistema de voto eletrônico, que levaram ao adiamento do pleito para domingo em vários lugares.

Extremistas do Boko Haram, que haviam prometido tumultuar a votação e, de fato, causaram o seu adiamento por seis semanas, cumpriram a promessa: o grupo é suspeito de ter realizado ataques sangrentos, entre eles a duas seções eleitorais do nordeste do país.

"Ouvimos os agressores gritarem: 'Não dissemos para permanecerem longe das eleições'?", contou um funcionário da Comissão Eleitoral Independente (Inec).

Já um deputado do estado de Borno anunciou que 23 pessoas foram decapitadas no dia anterior na localidade de Buratai, aparentemente por islamitas.

Apesar dos ataques, os eleitores compareceram em bom número às urnas. Para as eleições presidenciais e legislativas, foram convocados 68,8 milhões de eleitores. Quatorze candidatos disputam a presidência, enquanto, nas legislativas, disputam as 469 cadeiras do Parlamento 537 candidatos de 28 partidos.

"Esperamos tanto para Deus nos deixar ver este dia", comentou o eleitor Hassan Ziga, 35, em Maraba.

Khamis Amir, desabrigado após ataques do Boko Haram, caminhou 11 quilômetros desde o lago Chade para votar em Maiduguri, metrópole do nordeste do país, região mais afetada pelos extremistas.

A organização das eleições, no entanto, não atendeu às expectativas. O novo sistema de votação eletrônica por meio de um leitor biométrico causou atrasos em várias regiões.

A Inec havia optado pelo novo sistema para evitar fraudes, mas as dificuldades técnicas foram tamanhas em determinadas regiões que, às 16h, a Comissão anunciou a suspensão das operações nos locais onde foram registrados os maiores problemas, adiando a votação para este domingo.

Nem mesmo o presidente, Goodluck Jonathan, conseguiu votar em Otuoke usando o novo método, tendo que fazê-lo manualmente.

Seu principal opositor, o ex-general Muhammadu Buhari, não teve problemas para votar em Daura, no estado de Katsina. Buhari, que governou a Nigéria na metade dos anos 80, à frente de uma junta militar, prometeu combater a corrupção e a insegurança com firmeza, embora se considere "um convertido à democracia". Ele é visto por muitos como o candidato que adotará a linha dura contra os extremistas.

É improvável que as vitórias recentes do Exército nigeriano contra o Boko Haram apaguem da memória dos eleitores a falta de reação do atual presidente ao auge jihadista.

Desde 2009, a rebelião do Boko Haram e sua repressão já causaram mais de 13 mil mortes e deixaram 1,5 milhão de desabrigados.

Autoridades mobilizaram um importante dispositivo de segurança no país e convidaram a população a limitar seus deslocamentos. Às 18h30 locais, alguns colégios eleitorais já estavam fechados, mas ainda havia eleitores votando.

O Inec não informou a que horas a eleição seria encerrada definitivamente.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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