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Vídeo contra líder guerrilheiro de Uganda vira hit na web

8 mar 2012 - 10h05
(atualizado às 12h05)
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Uma campanha realizada por ativistas americanos para capturar um suposto criminoso de guerra de Uganda tornou-se viral na internet. Apesar do sucesso virtual, o grupo recebeu críticas devido aos métodos de suas atividades.

Joseph Kony, procurado pelo Tribunal de Haia, é acusado de usar crianças como soldados e escravas sexuais
Joseph Kony, procurado pelo Tribunal de Haia, é acusado de usar crianças como soldados e escravas sexuais
Foto: Reprodução

Cerca de 10 milhões de usuários assistiram ao vídeo de meia hora produzido pela organização não-governamental Invisible Children (crianças invisíveis, em tradução livre), que denuncia o uso de crianças como soldados pelo Exército de Resistência do Senhor, comandado pelo líder guerrilheiro Joseph Kony. A ONG pretende levar Kony ao Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, na Holanda, onde ele é acusado de crimes contra a humanidade.

Na quarta-feira, dia em que a campanha foi lançada, as hashtags #stopkony ("parem Kony") e #kony2012 estavam entre os tópicos mais populares do Twitter. Várias celebridades, incluindo os músicos P. Diddy e Rihanna, publicaram o vídeo em seus perfis oficiais no Twitter.

As forças de Kony são acusadas de atrocidades em Uganda, na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana e no Sudão do Sul. Em outubro passado, o presidente americano, Barack Obama, anunciou o envio de cem soldados das forças especiais a Uganda, para ajudar a capturar Kony.

Críticas

No entanto, a Invisible Children é acusada de gastar a maior parte de seu financiamento com salários, despesas de viagem e realização de vídeos. Alguns blogueiros também afirmam que a entidade de fiscalização de ONGs Charity Navigator deu ao grupo apenas duas de quatro estrelas por transparência financeira.

Além disso, um artigo da revista Foreign Affairs acusou a Invisible Children e outras entidades sem fins lucrativos de "manipular fatos por motivos estratégicos". A ONG publicou uma resposta às críticas em seu site, incluindo prestações de contas e explicações sobre os métodos que emprega.

"Estamos fazendo o nosso melhor para ser mais inclusivos, transparentes e factuais quanto possível. Construímos esta organização com a filosofia de 'ver para crer' em mente, e é por isso que somos uma organização baseada na mídia", afirma a Invisible Children no comunicado. "Nunca proclamamos um desejo de 'salvar a África', mas, em vez disso, uma tentativa de inspirar a juventude ocidental para 'fazer mais do que simplesmente ver'", finaliza o texto. O diretor de Desenvolvimento de Ideias da ONG, Jedediah Jenkins, disse, em entrevista ao jornal americano The Washington Post, que as críticas feitas ao grupo são 'míopes".

Acordo de paz rejeitado

Joseph Kony e seus aliados próximos são procurados pelo TPI desde 2005. A sua campanha no norte de Uganda começou há mais de 20 anos, quando eles diziam estar lutando por um "Estado bíblico" e pelos direitos da população acholi, que habita a região.

O Exército de Resistência do Senhor é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, e agora opera principalmente em países vizinhos a Uganda. O grupo é conhecido por sequestrar crianças, forçando os meninos a combater como soldados e usando as meninas como escravas sexuais.

Em 2008, Kony se recusou a assinar um acordo de paz com o governo de Uganda, quando descobriu que não poderia garantir a retirada dos mandados de prisão do TPI.

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