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África

Tribunal internacional vai investigar ataque a shopping no Quênia

24 set 2013 - 08h28
(atualizado às 08h53)
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A promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou nesta terça-feira que irá cooperar para garantir que os responsáveis pelo sequestro de um shopping em Nairóbi em que ao menos 62 pessoas morreram, no Quênia, sejam levados a julgamento.

"Este tipo de ataque por parte de grupos armados contra civis inocentes são contrários a lei internacional e podem ser crime sob o Estatuto de Roma, do qual o Quênia é estado membro", explicou a promotora-chefe da corte, Fatou Bensouda, através de comunicado.

A representante do governo garantiu "total respeito" a primazia dos tribunais quenianos para julgar o caso. Segundo ela, a promotoria do TPI "está disposta a trabalhar com a comunidade internacional e o governo do Quênia".

O Tribunal atualmente julga, por supostos crimes contra a humanidade, o vice-presidente queniano William Ruto. Devido à tragédia no shopping de Nairóbi, foi permitido que o réu retornasse ao país de origem para acompanhar o caso.

ONU confirma ligação terrorista

O representante especial da ONU para a Somália, Nicholas Kay, disse nesta terça-feira que a Al Shabab conta com uma rede de conexões de alcance internacional porque é vinculada com a Al-Qaeda e grupos extremistas do Quênia.

Terror no Quênia
AFP

Conheça a Al-Shabab, grupo que atacou o shopping no Quênia

"Na minha opinião, Al Shabab tem uma rede de conexões que incluem a Al Qaeda e grupos no Quênia em uma trama além da fronteira na qual vários grupos se sobrepõem, operam juntos e se apoiam uns nos outros, tecnicamente e em termos pessoal", comentou em entrevista coletiva em Genebra.

Kay disse que não ficou surpreso pelo ataque em Nairóbi devido ao fato da Al-Shabab "estar ameaçando e perpetrando ataques em pequena escala no Quênia há algum tempo e isto é exatamente o que estiveram fazendo dentro da Somália há muito".

O representante comentou que nos três meses que está residindo em Mogadíscio, como chefe da ONU na Somália, a própria organização sofreu ataques da Al-Shabab - uma milícia islamita radical originária deste país-, de natureza similar a que está em Nairóbi. Kay sustentou também que, segundo a informação com a qual conta, a Al-Shabab gera seus próprios recursos, através de quotas impostas e do comércio ilegal.

O grupo islamita controla pelo menos três pequenos portos no litoral somali, desde onde realiza operações de importação e exportação, especialmente de carvão vegetal e que gerariam renda de US$ 35 milhões ao ano.

No entanto, o representante da ONU disse que um ataque contra um centro comercial não necessariamente requer muito dinheiro. "O problema da Somália e de Al-Shabab não está em um cantinho isolado na África, mas terá um impacto regional e internacional se não for resolvido", vaticinou.

Segundo o representante da ONU, a comunidade internacional deve entender a conveniência de realizar "um investimento extra" na Somália, o que considerou "pequeno" se comparar com o gasto em outros contextos de conflito, como o Afeganistão, Iraque ou Mali.

Os esforços devem ser redobrados no âmbito político, mas sobretudo no militar, no qual as carências são alarmantes, com a Missão da União Africana na Somália que, apesar ter quase completo o contingente de soldados aprovados - cerca de 17 mil - carece de equipamento essencial. "Não tem por exemplo nenhum helicóptero militar para atuar em um país que é do tamanho do Afeganistão", revelou Kay, que também disse que são necessários veículos armados.

Kay comentou que acredita-se que a Al-Shabab seria formada por aproximadamente 5 mil milicianos, embora tenha enfatizado as dificuldades que existem para fazer uma avaliação confiável a este respeito.

O representante lembrou que, em qualquer caso, não todos os membros do grupo extremista estão "firmemente comprometidos ideologicamente". Muitos são jovens que se incorporaram a suas fileiras pela falta de oportunidades e que, portanto, são suscetíveis de ser recuperados pela sociedade através de programas de desmobilização e reintegração.

EFE   
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