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África

Timbuktu é cercada após manuscritos do séc. XIII serem queimados

28 jan 2013 - 12h43
(atualizado às 13h10)
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As tropas francesas e do Mali fecharam nesta segunda-feira Timbuktu, um Patrimônio Mundial da Unesco, depois que combatentes rebeldes islâmicos em fuga incendiaram vários edifícios na antiga cidade de comércio do Saara, incluindo uma biblioteca de manuscritos de valor inestimável. Sem disparar um tiro para detê-los, 1.000 soldados franceses, incluindo paraquedistas e 200 soldados malianos, tomaram o aeroporto e cercaram a cidade centenária do Rio Níger, buscando bloquear a fuga de combatentes aliados à Al-Qaeda.

Imagem de 2004 mostra alguns dos manuscritos que estavam na biblioteca de Timbuctu, incendiada por islamistas
Imagem de 2004 mostra alguns dos manuscritos que estavam na biblioteca de Timbuctu, incendiada por islamistas
Foto: AP

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A retomada de Timbuktu seguiu a tomada rápida de Gao pelas forças francesas e do Mali no fim de semana, outra cidade importante do norte do Mali que também tinha sido ocupada pela aliança de grupos militantes islâmicos desde o ano passado.

Uma intervenção de duas semanas pela França na sua ex-colônia Sahel, a pedido do governo do Mali com amplo apoio internacional, tem expulsado combatentes rebeldes islâmicos para fora das cidades, em direção ao deserto e montanhas.

Um porta-voz militar francês disse que as forças de ataque em Timbuktu estavam tomando o cuidado de evitar o combate dentro da cidade de modo a não danificar os tesouros culturais, mesquitas e santuários religiosos, no que é considerado um lugar de aprendizado islâmico.

Mas o prefeito de Timbuktu, Ousmane Halle, informou que combatentes islâmicos em fuga haviam incendiado uma biblioteca financiada pela África do Sul que contém milhares de manuscritos de valor inestimável. "Os rebeldes incendiaram o recém-construído Instituto Ahmed Baba, construído pelos sul-africanos ... isso aconteceu há quatro dias", disse Halle Ousmane à Reuters por telefone, de Bamako.

O prefeito disse ter recebido a informação de seu chefe de comunicações que viajou ao sul da cidade há um dia. Ousmane não foi capaz de dizer imediatamente quanto do edifício de concreto havia sido danificado. Ele acrescentou que os rebeldes também incendiaram seu escritório e a casa de um membro do parlamento.

O Instituto Ahmed Baba, uma das várias bibliotecas e coleções da cidade contendo frágeis documentos antigos que datam do século XIII, recebeu seu nome em homenagem a um contemporâneo de William Shakespeare nascido em Timbuktu e abriga mais de 20 mil manuscritos acadêmicos. Alguns eram armazenados em cofres subterrâneos.

Os franceses e os malianos não enfrentaram nenhuma resistência até agora em Timbuktu, mas enfrentam uma tarefa difícil de vasculhar um labirinto de antigas mesquitas, monumentos e casas de tijolos de barro entre becos, a fim de eliminar todos os combatentes islâmicos escondidos.

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