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África

Rei da Jordânia chega ao Cairo em meio a novas manifestações pró-Mursi

20 jul 2013 - 11h31
(atualizado às 12h19)
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O rei da Jordânia chegou neste sábado ao Cairo, a primeira visita de um chefe de Estado estrangeiro ao Egito desde a derrubada pelo Exército do presidente islâmico Mohamed Mursi, cujos partidários continuam mobilizados para exigir o seu regresso ao poder.

Abdullah II foi recebido em sua chegada pelo primeiro-ministro interino Hazem Beblawi. Ele deve realizar uma "breve visita", segundo a agência de notícias oficial MENA.

A Jordânia foi um dos primeiros países a parabenizar as novas autoridades egípcias após a queda de Mursi, considerando que o golpe militar, seguido aos protestos contra o presidente, respondia "à vontade e escolha do povo egípcio".

Em contrapartida, a Irmandade Muçulmana jordaniana, ligada ao movimento islâmico ao qual pertence Mursi, denunciou uma "conspiração" americana.

Esta visita ocorre em um contexto de tensão no Egito, onde o governo enfrenta as inquietações vindas do exterior quanto ao futuro do país.

Também ocorre em um contexto de intensos esforços dos Estados Unidos para relançar as negociações de paz entre Israel e Palestina, uma questão em que Amã e Cairo participam ativamente.

As principais visitas ao Cairo desde a queda de Mursi foram as do secretário de Estado adjunto americano, William Burns, e a da chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.

Os Emirados Árabes Unidos também enviaram uma delegação governamental de alto nível.

Neste sábado, o ministro das Relações Exteriores do governo de transição, Nabil Fahmy, anunciou que o Egito irá "reconsiderar" as suas relações diplomáticas com a Síria, que haviam sido rompidas no mês passado sob a presidência do islamita Mohamed Mursi.

Sem se pronunciar claramente sobre a retomada das relações, distanciou-se, contudo, da política do antigo regime.

"Não existe a intenção de uma jihad na Síria", declarou, referindo-se às chamadas para a guerra santa na Síria, que foram lançados sob a presidência de Mursi.

As prisões de vários líderes da Irmandade Muçulmana, a detenção de Mursi pelo Exército, a morte de mais de uma centena de pessoas em meio à violência e as incertezas da agenda política futura têm provocado fortes preocupações internas e no exterior.

Milhares de partidários do presidente deposto continuam reunidos neste sábado em dois locais ocupados pelos islamitas há três semanas: a mesquita Rabaa al-Adawiya, na periferia da capital, e nas imediações da Universidade do Cairo, mais perto do centro da cidade.

Em Rabaa al-Adawiya, a multidão exibia cartazes nos quais era possível ler "O que aconteceu com o meu voto?", em referência à votação que levou Mursi ao poder, em junho de 2012, na primeira eleição presidencial democrática no Egito.

Os protestos de sexta-feira tiveram como lema "Quebrar o golpe de Estado", em referência à destituição de Mursi pelo Exército no dia 3 de julho, em meio a manifestações em massa exigindo a sua saída.

A atmosfera era tranquila na cidade esta manhã, enquanto vários manifestantes continuavam em suas tendas montadas sob um sol escaldante.

As manifestações de sexta foram as maiores desde a nomeação do governo de transição.

O presidente interino Adly Mansur advertiu que o Exército continua em alerta contra toda violência.

Além das manifestações, o governo enfrenta uma clara deterioração da situação da segurança na península do Sinai, no leste do país, onde estão implantados grupos islamitas radicais.

Os ataques contra a Polícia e o Exército, e também contra civis se multiplicaram desde 3 de julho nesta região, onde o Exército reforçou sua presença.

Na sexta, dois civis morreram e um ficou ferido em um ataque com um foguete em El-Arish, de acordo com serviços médicos e de segurança. Os autores do disparo tinham como alvo um posto de controle do Exército egípcio, mas atingiram uma casa por engano.

Além disso, quatro policiais morreram em menos de 48 horas, segundo fontes médicas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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