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África

Rebeldes tomam capital do principal Estado petroleiro do Sudão do Sul

25 dez 2013 - 23h29
(atualizado às 23h30)
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Os rebeldes no Sudão do Sul anunciaram nesta quarta-feira que tomaram Malakal, a capital do Estado do Alto Nilo, onde se concentra a maior parte da produção de petróleo do país, no meio de intensos combates dos que a população civil tenta fugir.

Um responsável militar insurgente garantiu à EFE por telefone que suas forças tomaram o controle dessa importante cidade ontem à noite e que em breve dominarão as jazidas de petróleo. A informação foi confirmada pela agência independente do Sudão do Sul, SSNA, que informou que o governador do Alto Nilo, Simon Kun Puoch, fugiu após se refugiar nas instalações da ONU.

Em Malakal se mobilizaram os rebeldes, leais ao ex-vice-presidente Riak Mashar, acusado de um fracassado golpe de Estado no último dia 15, data em que começaram os choques entre o exército e militares dissidentes.

A produção de petróleo depende agora da do Alto Nilo, já que está suspensa no estado vizinho de Unidade por causa da ofensiva dos rebeldes, que tomaram há quatro dias capital, Bentiu. O ministro sul-sudanês do Petróleo, Stephen Dau, disse ontem que a produção nacional caiu de 250 mil para 200 mil barris diários, vindos todos do Alto Nilo.

Os combates se estenderam ontem para o leste estado, mas persistem em Jonglei, onde o exército na terça-feira retomou o controle da capital, Bor. Já o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, declarou que as forças do governo continuarão as operações para expulsar os insurgentes das regiões controladas por eles.

Também se comprometeu a proteger os cidadãos e se mostrou "profundamente preocupado" com o andamento da situação no país, e pediu às forças da ordem que não cometam abusos contra a população.

"Pessoas inocentes foram assassinadas em uma luta de poder político que foi utilizada por alguns em prol de suas próprias ambições tribais", destacou Kiir.

O líder se pronunciou assim depois de a representante da ONU no Sudão do Sul, Hilde Johnson, rejeitar recentemente qualificar o ocorrido como um conflito étnico e insistisse na existência de uma luta pelo poder.

Kiir - que pertence à tribo Dinka - voltou a oferecer negociar "incondicionalmente" com Mashar, seu principal rival político, que foi afastado do poder em julho deste ano e é membro do clã Lou Nuer.

No entanto, o ex-vice-presidente condicionou o diálogo à libertação de 11 políticos e militares detidos e sua transferência para Adis-Abeba (na Etiópia), onde poderiam acontecer as negociações.

Enquanto isso, milhares de pessoas morreram e mais de 80 mil foram obrigadas a se deslocar fugindo dos enfrentamentos, segundo as Nações Unidas. Mais da metade dos deslocados buscaram refúgio nas instalações da missão da ONU no Sudão do Sul, UNMISS, e só na capital, Juba, há mais de 20 mil refugiados nessas bases.

O organismo internacional revelou ontem a existência em Bentiu de uma vala comum, que poderia conter até 75 cadáveres, e de outras duas em Juba.

Ontem, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade o envio de 5.500 capacetes azuis a UNMISS, aumentando o número de soldados na missão para 12.500. Enquanto isso, os confrontos no Sudão do Sul, que chegou à independência do Sudão em julho de 2011, são motivo de preocupação em seu vizinho do norte.

Além de interesses comuns no setor petroleiro, existe um número crescente de sul-sudaneses que se dirigem ao Sudão em busca de refúgio.

O governador do Estado sudanês de Nilo Blanco (na fronteira com o Sudão do Sul), Youssef al Shanbali, informou hoje desses deslocamentos e prometeu acolher e facilitar o acesso aos serviços básicos para os refugiados.

Diante da escalada de violência, 26 grupos de direitos humanos e da sociedade civil do Sudão e Sudão do Sul pediram em comunicado o fim dos combates e o início do diálogo.

E pediram ao líder sul-sudanês que liberte todas as pessoas detidas por expressar opiniões políticas contrárias ao governo e que comece um processo de reconciliação nacional com os rebeldes.

EFE   
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