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Mundo

Rebeldes líbios chegam a Trípoli sem sinal de resistência

21 ago 2011 - 17h39
(atualizado às 18h41)
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Combatentes rebeldes da Líbia entraram nos subúrbios de Trípoli no domingo com pouco sinal de resistência, apesar do pedido do líder Muammar Kadafi para que os líbios pegassem em armas e esmagassem uma revolta na capital.

As tropas rebeldes estavam fechando o cerco à capital desde sábado
As tropas rebeldes estavam fechando o cerco à capital desde sábado
Foto: AP

Um grupo de rebeldes entrou pela parte ocidental da cidade atirando para o ar, disse uma testemunha. Segundo um repórter da Sky News, houve comemoração nas ruas. As tropas rebeldes estavam fechando o cerco à capital desde sábado, para um ataque final ao reduto do líder líbio.

"Temo que se não agirmos, eles vão queimar Trípoli", disse Kadafi em uma mensagem em áudio transmitida pela TV estatal. "Não teremos mais água, comida, eletricidade ou liberdade." Milhares de combatentes rebeldes foram vistos a 20 km a oeste de Trípoli, indo em direção à capital na noite de domingo, segundo um correspondente da Reuters. Durante o avanço, os rebeldes assumiram o controle de um quartel pertencente à brigada de Khamis, uma unidade de segurança de elite, comandada por um dos filhos de Kadafi, Khamis.

Os confrontos de sábado à noite e domingo de manhã mataram 376 pessoas em ambos os lados e feriram cerca de 1 mil, de acordo com uma autoridade do governo que pediu anonimato. O tiroteio começou na noite de sábado em Trípoli, numa revolta coordenada que as células rebeldes vinham preparando secretamente há meses. Momentos depois, clérigos muçulmanos, usando os alto-falantes das mesquitas chamaram o povo para as ruas.

Em sua segunda transmissão de áudio em 24 horas, Kadafi chamou os rebeldes de ratos. "Estou ordenando que abram os depósitos de armas", disse Kadafi. "Conclamo todos os líbios a aderirem a essa luta. Aqueles que tiverem medo podem dar suas armas às suas mães ou irmãs."

"Vamos lá, estou com vocês até o fim. Estou em Trípoli. Vamos vencer". Os combates dentro de Trípoli, combinados com os avanços dos rebeldes em direção à periferia da cidade, parecem sinalizar que essa é a fase decisiva de um conflito que já dura seis meses e se transformou no mais sangrento da "Primavera Árabe", envolvendo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"As chances de uma saída segura para Kadafi diminuem a cada hora", disse Ashour Shamis, um ativista da oposição da Líbia e editor baseado na Grã-Bretanha. Mas a queda de Kadafi, depois de 41 anos no poder, não é dada como certa. A capital é bem maior do que qualquer coisa que os combatentes anti-Kadafi, em sua maioria amadores, com suas armas velhas e uniformes improvisados, tiveram que enfrentar.

Se o líder líbio for forçado a sair do poder, haverá dúvidas quanto à capacidade da oposição de restabelecer a estabilidade nesse país exportador de petróleo. O comando das forças rebeldes tem sido abalado por disputas e rivalidades.

Os rebeldes disseram depois de uma noite de intensos combates que controlavam um punhado de bairros na cidade. O avanço dos rebeldes em direção à capital foi rápido e não houve nenhum sinal de grande resistência por parte das forças de segurança de Kadafi. Nas últimas 48 horas, os rebeldes tinham avançado cerca de 30 km para Trípoli, reduzindo a distância entre eles e a capital pela metade.

"Os rebeldes podem ter chegado muito cedo a Trípoli e o resultado poderá ser muitos confrontos sangrentos", disse Oliver Miles, um ex-embaixador britânico na Líbia. "Pode ser que, na cidade, o regime não tenha caído tanto quanto eles acham que caiu."

Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional

Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas.

A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais milhares morreram e multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.

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