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África

Prosseguem negociações no Cairo em busca de solução política para crise

6 ago 2013 - 00h37
(atualizado às 00h52)
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Os emissários internacionais intensificavam nesta terça-feira as negociações no Cairo para tentar tirar o país do atoleiro político, multiplicando contatos entre as novas autoridades - instaladas pelas Forças Armadas - e os partidários do presidente islâmico destituído, Mohamed Mursi.

Os influentes senadores americanos Lindsey Graham e John McCain eram aguardados no Cairo para uma série de reuniões, após a visita do subsecretário de Estado, William Burns, e de representantes da União Europeia e dos Emirados Árabes Unidos à capital egípcia em busca de uma solução para a crise agravada com a queda de Mursi, no dia 3 de julho.

Os emissários internacionais mantiveram vários encontros na segunda-feira com membros do novo governo e com partidários de Mursi.

Burns se reuniu com Jairat al-Shater, adjunto do guia supremo da Irmandade Muçulmana, após surpreender os analistas ao defender claramente o golpe militar, em um encontro com o comandante do Exército e homem forte do país, Abdel Fatah al Sisi.

Ao lado dos colegas do Qatar e dos Emirados Árabes Unidos, assim como do representante da UE, Bernardino Leon, Burns teve acesso à cela de Shater, na penitenciária de Tora, subúrbio do Cairo, onde também está detido o ex-presidente Hosni Mubarak, derrubado por uma revolta popular no início de 2011.

Jairat al-Shater será julgado a partir de 25 de agosto com outras cinco figuras do movimento islamita, incluindo o guia Mohamed Badie e seu segundo adjunto, Rachad Bayoumi.

"Até o momento não existe plano para o subsecretário de Estado se reunir com Mohamed Mursi", preso em local não revelado, informou em Washington a porta-voz do departamento de Estado Marie Harf.

Al-Shater, Badie e Bayoumi são acusados de "incitação e assassinato" de manifestantes contrários a Mursi durante o ataque a seu gabinete no dia 30 de junho, por ocasião das manifestações que provocaram a queda de Mursi.

Nenhum detalhe da reunião foi revelado, mas Burns provavelmente tentou mudar a posição da Irmandade Muçulmana.

No sábado, Burns não obteve um acordo com o Partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, que se nega a dialogar com as novas autoridades, que considera "ilegítimas".

Apesar do general Al Sisi afirmar no domingo que "ainda há possibilidades de uma solução pacífica", o novo governo ampliou recentemente as advertências aos manifestantes pró-Mursi, que ocupam duas praças no Cairo há mais de um mês.

Os manifestantes islâmicos afirmam querer defender a "legitimidade" de Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, enquanto os detratores do ex-chefe de Estado o acusam de governar para a Irmandade Muçulmana em detrimento da população.

Diante do bloqueio político, Burns defendeu junto ao general Al Sisi que todas as forças do país estejam submetidas ao plano anunciado após o golpe, que prevê uma nova Constituição e eleições gerais no início de 2014.

As novas autoridades já advertiram que Mursi, detido em local secreto desde 3 de julho, não poderá desempenhar qualquer papel no futuro do Egito.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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