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África

Primavera Árabe: ao menos 16 morrem em protestos no Egito

No aniversário de quatro anos da revolução de 2011, pessoas foram às ruas e polícia reagiu violentamente

25 jan 2015 - 13h36
(atualizado às 18h06)
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Pelo menos 16 pessoas morreram e 30 ficaram feridas neste domingo no Egito em confrontos entre manifestantes e polícia, no dia em que o país comemora o quarto aniversário da revolta popular de 2011 que tirou Hosni Mubarak do poder. Para marcar a data, partidários do ex-presidente islamita Mohamed Mursi convocaram protestos contra o regime do atual presidente e ex-chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sissi.

No Cairo, os manifestantes pró-Mursi foram mortos em confrontos com a polícia, segundo o ministério da Saúde. Um policial teria sido morto por manifestantes no norte da capital egípcia, e outros ficaram feridos por balas de chumbo. Outro manifestante que estava armado e teria aberto fogo contra a polícia durante uma manifestação na cidade de Alexandria também foi morto, segundo as autoridades.

Foto: Asmaa Waguih / Reuters

Na capital, a praça Tahrir, epicentro da revolta de 2011, estava sendo monitorada por um forte esquema de segurança. Algumas dezenas de simpatizantes de Sissi se reuniram perto do local, levando bandeiras egípcias e gritando "viva o Egito", segundo um jornalista da AFP.

"É o funeral da revolução", lamentou Mamdouh Hamza, figura importante do movimento de 2011 que estava perto do ato. "A situação não melhorou e nada mudou desde que Sissi assumiu o poder", criticou. Em todo o Cairo, onde as ruas estavam desertas e policiais armados com submetralhadoras vigiavam as principais avenidas do centro da cidade, manifestantes islamitas queimaram um posto da polícia.

Foto: Asmaa Waguih / Reuters

Ao todo, 134 pessoas foram presas ao longo das manifestações, segundo fontes de segurança. O dia 25 de janeiro de 2011 marca o início de 18 dias de manifestações massivas que obrigaram Hosni Mubarak a entregar o cargo de presidente em 11 de fevereiro.

Sissi, eleito em maior com mais de 90% dos votos após ter destituído Mursi em julho de 2013, goza do apoio de grande parte da opinião pública, abalada por quatro anos de instabilidade polícia e de crise econômica.

Foto: Asmaa Waguih / Reuters

Mas ele é acusado por seus opositores de ter instaurado um regime ainda mais autoritário que o de Mubarak, reprimindo qualquer ato de oposição, tanto islamita quanto laico. O sábado já havia sido sangrento, marcado pela morte de uma manifestante no centro do Cairo, após confrontos com a policia durante uma rara manifestação de um movimento de esquerda que comemorava a rebelião de 2011.

Desde a destituição de Mursi, em julho de 2013, soldados e policiais mataram mais de 1.400 manifestantes islamitas e mais de 15.000 pessoas foram presas. A ONU também denuncia as penas de morte pronunciadas em julgamentos em massa, chamados de "sem precedentes na História recente".

Foto: Mohamed Abd El Ghany / Reuters

Dizendo agir em represália a esta repressão, grupos jihadistas multiplicaram seus ataques contra as forças de ordem em todo o país. Na manhã deste domingo, dois policiais ficaram feridos na zona leste do Cairo na explosão de uma pequena bomba - segundo o porta-voz do ministério do Interior, Hani Abdel Latif.

O ataque foi reivindicado pelos jihadistas do Ajnad Misr, um grupo que já havia reivindicado a explosão de uma pequena bomba na última sexta-feira, ferindo quatro policiais e um civil no mesmo bairro.

Além disso, dois "terroristas" morreram na explosão de uma bomba enquanto instalavam o artefato no pé de um poste na província de Beheira (norte), segundo Abdel Latif.

Com eleições legislativas previstas para 21 de março, Sissi nega veementemente qualquer retorno a um regime autoritário. No final de novembro de 2014, Sissi garantiu que o país se dirigia "para o estabelecimento de um Estado democrático e moderno, baseado na justiça. na liberdade e na luta contra a corrupção".

Com informações da Agência Brasil

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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