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Mundo

Polícia argelina bloqueia nova manifestação em Argel

26 fev 2011 - 14h46
(atualizado às 15h51)
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Centenas de manifestantes desafiaram neste sábado um imponente dispositivo policial em Argel para tentar realizar seu terceiro protesto em um mês em favor de uma mudança de regime na Argélia, mas as forças de segurança bloquearam sua passagem.

Os manifestantes, liderados pelo presidente da Assembleia pela Cultura e Democracia (RCD), Said Sadi, não puderam sequer reunir-se na Praça dos Mártires, constatou a AFP.

Said Sadi foi cercado pelas forças de ordem antes de começar a manifestação, que estava prevista para as 11H locais (07h de Brasília). Outro deputado do RCD, Mohamed Khendek, foi retirado em uma ambulância.

"Me deram porradas na barriga quando tentei me opôr aos policiais que levavam Said Sadi. Desmaiei e me levaram ao hospital. Não estou ferido", disse à AFP por telefone, depois de ter saído do hospital.

As forças de segurança conseguiram afastar para o passeio marítimo os partidários do RCD que participavam de uma manifestação da chamada Coordenação Nacional pela Mudança e Democracia (CNCD), um movimento nascido há um mês, mas que já sofre divisões internas.

Em torno de 20 partidários do presidente Abdelaziz Buteflika também estavam presentes nas ruas da capital, com retrados do líder, gritando seu nome e com cartazes que diziam: "os argelinos são favoráveis a Buteflika".

A presença da polícia entre os dois campos evitou confrontos. A marcha previa sair da Praça dos Mártires em direção à Praça Primeiro de Maio, a quatro quilômetros, o mesmo percurso, mas em sentido contrário, das manifestações proibidas de 12 e 19 de fevereiro.

A forte presença policial na praça e nas imediações impediu as concentrações. O protesto abortado neste sábado ocorre depois do levantamento, na quinta-feira, do estado de exceção decretado há 19 anos. As manifestações de rua continuam, no entanto, proibidas na capital.

"O vento das mudanças sopra na África do Norte e no Oriente Médio, a Argélia não pode ficar de fora", disse o deputado do RCD Tahar Besbas, ferido durante o protesto de 19 de fevereiro.

Um membro do executivo do RCD, Madjid Yusfi, disse estar convencido de que "a revolta dos países da região levará à queda de todas as ditaduras, como foi o caso dos anos 1950 com a descolonização".

Mas a oposição dividiu-se nesta semana: o campo da sociedade civil e dos sindicatos autônomos da CNCD não quiseram protestar no sábado.

Sadi e seus seguidores anunciaram, por sua vez, que protestarão "todos os sábados".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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