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África

Poder egípcio tenta se explicar após brutalidade policial; oposição pede queda de Mursi

2 fev 2013 - 13h49
(atualizado às 13h54)
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O poder egípcio estava na berlinda neste sábado após a difusão de imagens de um homem nu agredido pela polícia na véspera diante do palácio presidencial, durante manifestações contra o presidente Mohamed Mursi, que deixaram uma pessoa morta.

A Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão opositora egípcia, anunciou seu apoio aos "apelos do povo" pela queda do regime do presidente islamita e pelo seu julgamento por "assassinatos e tortura".

Em um comunicado, a FSN afirma que "adere totalmente aos apelos do povo egípcio e de suas forças vivas em favor da queda do regime da tirania e (pelo fim da) hegemonia da Irmandade Muçulmana", formação islamita da qual Mursi é proveniente. O comunicado foi divulgado após uma reunião da FSN realizada neste sábado.

Mais cedo, o primeiro-ministro Hicham Qandil foi alvo de manifestantes durante a manhã na Praça Tahrir, no centro do Cairo, testemunhando pessoalmente a tensão política reinante.

O vídeo divulgado pela televisão e na internet mostra policiais agredindo um homem com cassetetes, e o arrastando depois de terem arrancado suas roupas. O homem foi colocado depois em um furgão blindado estacionado perto do palácio do chefe de Estado.

A presidência egípcia se declarou "entristecida com as imagens chocantes de alguns policiais tratando um manifestante sem respeito à dignidade humana e pelos direitos humanos".

A oposição evocou métodos dignos dos tempos do presidente Hosni Mubarak, derrubado por uma revolta popular em 2011.

O Ministério do Interior pediu desculpas, mencionando um "ato isolado" e anunciou a abertura de uma investigação. Mais cedo, os opositores já haviam pedido a demissão do titular da pasta, Mohamed Ibrahim.

O homem agredido, Hamadah Saber Mohamed Ali, um operário de 50 anos, foi detido "em posse de 18 coquetéis Mololov e de duas latas de combustível", indicou o procurador, citando os primeiros elementos da investigação.

No fim de 2011, a imagem de uma manifestante usando o véu arrastada por soldados nas imediações da Praça Tahrir, deixando seu sutiã e sua barriga à mostra, provocou indignação em todo o mundo.

Manifestantes jogaram pedras e garrafas contra o comboio do primeiro-ministro na Praça Tahrir, indicou a rede de televisão local Dream Live.

O gabinete do chefe do governo indicou que Qandil havia sido alvo de "jovens e agitadores". O primeiro-ministro postou no Facebook que "preferiu evitar um confronto entre essas pessoas e o pessoal de segurança".

Dezenas de opositores ao poder estão instalados há meses em uma aldeia de barracas na praça simbólica do centro da cidade, ponto de concentração de manifestantes desde o levante contra Hosni Mubarak.

A polícia anti-motins estava mobilizada neste sábado nas imediações do palácio presidencial após uma noite de muita confusão.

A calma voltou durante a manhã, mas as ruas adjacentes estavam cheias de pedras que haviam sido jogadas pelos manifestantes, e o muro do conjunto do palácio estava coberto de pixações contra Mursi, com os lemas "É preciso derrubar o regime" e "Liberdade", entre outros.

Além de um jovem de 23 anos mortos nas perto do palácio presidencial, cerca de cem pessoas ficaram feridas na sexta nas manifestações no Cairo e em outras cidades do país, segundo fontes médicas.

Desde o início da nova onda de violência no Egito no dia 24 de janeiro, na véspera do 2º aniversário da revolta que derrubou o presidente Hosni Mubarak, cerca de 60 pessoas morreram.

A presidência reafirmou, entretanto, em um comunicado o seu compromisso "em proteger a liberdade de expressão e de reunião" e sua vontade de manter "a evolução democrática" do país.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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