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África

Pelo menos 25 policiais egípcios mortos em ataque no Sinai

19 ago 2013 - 09h16
(atualizado às 09h20)
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Pelo menos 25 policiais egípcios morreram nesta segunda-feira em um atentado no Sinai, em um país já conturbado pelos violentos confrontos entre as forças de segurança e partidários do presidente islamita deposto Mohamed Mursi.

Um grupo de criminosos atacou com foguetes dois micro-ônibus da polícia no norte da instável península do Sinai, onde os atentados contra as forças oficiais aumentaram depois da destituição de Mursi pelo exército, no dia 3 de julho.

O ministério egípcio do Interior atribuiu o ataque a "terroristas".

As autoridades do país fecharam a passagem de Rafah com a Faixa de Gaza, controlada pelos islamitas radicais do movimento palestino Hamas.

Na semana passada, o Egito anunciou que fecharia a passagem por tempo indeterminado, mas reabriu o local parcialmente no sábado.

O ataque eleva a 73 o número de integrantes das forças de segurança mortos nesta região desde a queda de Mursi. As ações lembram a violência islamita dos grupos Al-Jihad e Al-Gamaa al-Islamiya, que deixaram 1.300 mortos nos anos 1990.

A comunidade internacional teme as consequências da crise no Sinai para além das fronteiras com o Egito, já que a região fica perto de Israel.

Com o atentado no Sinai, o Egito vive uma nova escalada da violência, após a morte no domingo à noite de 36 prisioneiros islamitas. Mais de 800 pessoas faleceram, principalmente manifestantes pró-Mursi, no país desde quarta-feira da semana passada.

A crise pode aumentar ainda mais, já que os simpatizantes de Mursi convocaram novas manifestações no Cairo para esta segunda-feira depois da oração da tarde.

No domingo, o comandante do exército, o general Abdel Fatah al-Sisi, prometeu ma resposta "mais enérgica" contra os islamitas que optaram pela "violência".

Os confrontos começaram em 14 de agosto, quando as forças de segurança desalojaram dois acampamentos no Cairo de partidários de Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no país. A repressão gerou uma condenação internacional.

Os embaixadores da União Europeia (UE) responsáveis pelas questões de segurança foram convocados em caráter de urgência pela chefe da diplomacia do bloco, Catherine Ashton, nesta segunda-feira.

Os dirigentes da UE já advertiram que pretendem reavaliar a relação com o Cairo caso a violência não tenha fim.

Mas a reação à violência no Egito não foi unânime e a Jordânia e a Autoridade Palestina expressaram apoio às autoridades "contra o terrorismo", uma opinião compartilhada por Israel.

O atentado no Sinai acontece um dia após a polícia ter anunciado a morte de 36 detentos, todos eles integrantes da Irmandade Muçulmana, asfixiados por gás lacrimogêneo após uma tentativa de fuga.

As autoridades informam diariamente a detenção de dezenas de membros da Irmandade, incluindo alguns dirigentes, por "violência", especialmente contra edifícios públicos ou igrejas.

No domingo, os simpatizantes de Mursi cancelaram os protestos previstos no Cairo por razões de segurança, pelo temor da ação das forças oficiais, que foram autorizadas a usar armamento letal contra os manifestantes hostis, e dos grupos de autodefesa formados por civis.

Diante do temor do aumento da 'justiça de rua', o governo proibiu no domingo os "comitês populares", milícia integrada por civis para defender os bairros da capital.

Apesar do estado de emergência e do toque de recolher ainda em vigor, nesta segunda-feira o tráfego era normal no Cairo, com os habituais engarrafamentos e com os moradores seguindo para o trabalho.

Os tanques do exército permaneciam estacionados nas avenidas da capital e o governo anunciou que as mesquitas permaneceriam fechadas, exceto nos horários de oração, para tentar evitar o encontro dos simpatizantes de Mursi.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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