Partidários de Mursi se preparam para ação da polícia egípcia
Os partidários do presidente islamita deposto Mohamed Mursi reforçavam suas barricadas nas duas praças que ocupam há um mês no Cairo, depois que a polícia ameaçou dispersá-los a qualquer momento.
A comunidade internacional, que tentou em várias ocasiões mediar o conflito, teme um massacre. Em um mês, mais de 250 pessoas morreram - principalmente partidários de Mursi - em confrontos com as forças de segurança ou com os opositores ao presidente deposto.
Ignorando as advertências do novo governo, centenas de manifestantes marcharam no centro do Cairo, carregando bandeiras egípcias e retratos do primeiro presidente do país eleito democraticamente.
Na noite de domingo, ao término da trégua estabelecida até o fim das celebrações do Ramadã, a polícia anunciou uma operação iminente, mas gradual, para esvaziar as praças, que pode durar dois ou três dias.
As autoridades tentam convencer alguns manifestantes - entrincheirados com mulheres e crianças - a sair pacificamente das praças antes do início do ataque contra os mais determinados.
O governo interino deve simultaneamente enfrentar a pressão popular que exige a dispersão rápida dos partidários de Mursi e os chamados internacionais à moderação, explicou à AFP H.A. Hellyer, pesquisador do Brookings Institute.
Segundo ele, as autoridades vão agir com cuidado, já que temem uma condenação internacional.
Na praça Rabaa al-Adawiya, bastião dos manifestantes pró-Mursi, dezenas de homens com capacetes e armados com paus ergueram barricadas de tijolos e sacos de areia que bloqueiam os principais acessos à praça.
Em um palco, seus líderes se revezavam incansavelmente para exigir o retorno de Mursi e o fim do "golpe de Estado".
Durante a noite na praça Rabaa, Farid Islamil, um líder da Irmandade Muçulmana, convocou a ocupação de "todas as praças do país" nesta segunda-feira e pediu que os manifestantes "enviem uma mensagem aos líderes do golpe de Estado: o povo egípcio continuará com sua revolução".
A Irmandade Muçulmana exige a libertação de Mursi e dos principais líderes da confraria detidos desde 3 de julho, assim como a restauração do presidente e da Constituição suspensa pelos militares.