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África

Partidários de Mursi protestam e Exército evita reagir no Egito

8 ago 2013 - 18h55
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Milhares de apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi saíram pelas ruas do Cairo nesta quinta-feira para celebrar o feriado do Eid al-Fitr e exigir a restauração do mandato dele, enquanto forças de segurança não agiram para dissolver os protestos.

A mulher do presidente deposto, Naglaa Mahmoud, que raramente é vista em público, apareceu de surpresa sobre o palanque da principal manifestação, no Cairo, para pedir a volta de Mursi ao cargo, que ele ocupou durante um ano, após se tornar o primeiro governante eleito livremente na história egípcia.

Uma multidão também se concentrou na praça Tahrir para manifestar apoio aos militares e ao governo provisório instalado pelos generais em 3 de julho, após gigantescas manifestações populares pela renúncia de Mursi.

O ex-presidente está detido em um local não revelado, e cerca de 300 pessoas morreram na violência política que se seguiu nas últimas semanas.

A crise política no Egito entrou em uma perigosa nova fase depois do colapso, nesta semana, de um esforço internacional de mediação. Mas o feriado do Eid, que dura quatro dias e marca o fim do mês islâmico sagrado do Ramadã, começou em clima festivo e em geral pacífico. Até o fim da tarde, não havia registro de incidentes de violência.

O xeique Gomaa Mohamed Ali comandou as preces na praça Tahrir e pregou contra a violência. Ele pediu que os partidários de Mursi abandonem seus acampamentos em dois lugares do Cairo, junto à mesquita Rabaa Al-Adawiya e no bairro de Nasr City.

Na quarta-feira, o presidente interino do Egito, Adly Mansour, havia declarado que a Irmandade Muçulmana era culpada pelo fracasso da mediação internacional e que o governo estava decidido a dissolver as mobilizações dos apoiadores de Mursi.

Representantes de Estados Unidos e União Europeia deixaram o Cairo depois do rompimento das negociações, que envolviam também Catar e Emirados Árabes Unidos.

Mas uma pessoa envolvida na tentativa de mediação disse que o governo provisório e a Irmandade ainda podem recuar do confronto e implementar medidas que levem à construção de confiança mútua, para então chegarem a um acordo negociado.

"Não acabou ainda", disse o diplomata. "Poderia funcionar, mas não temos nenhuma garantia. Tudo está muito frágil."

Fontes governamentais e militares também disseram que as negociações não estavam encerradas, e sim suspensas, como resposta à irritação da opinião pública devido à percepção de interferência estrangeira no país.

Uma fonte militar disse que as autoridades se abstiveram até agora de usar a força para dissolver as mobilizações em parte por temerem que o vice-presidente Mohamed ElBaradei, um liberal, renuncie, o que eliminaria uma fonte de legitimidade política para o governo instalado pelos militares.

(Reportagem adicional de Maggie Fick, Omar Fahmy e Alex Dziadosz, no Cairo; e de Paul Taylor, em Paris)

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