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África

Oposição apoia apelo por queda da 'tirania' islamita no Egito

2 fev 2013 - 18h16
(atualizado às 18h32)
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A Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão opositora egípcia, apoiou neste sábado os "apelos do povo" pelo fim "da tirania" no Egito, onde o governo do presidente islamita Mohamed Mursi chamou de "ato isolado" as imagens de vários policiais agredindo brutalmente um homem. Em um comunicado, a FSN afirma que "adere totalmente aos apelos do povo egípcio e de suas forças vivas em favor da queda do regime da tirania e (pelo fim da) hegemonia da Irmandade Muçulmana", formação islamita da qual Mursi é proveniente.

A Frente, da qual faz parte, entre outros, o prêmio Nobel Mohamed ElBaradei, pediu que "sejam julgados de forma justa os responsáveis por assassinatos e torturas, assim como pelas detenções ilegais, a começar pelo presidente". O FSN descartou um diálogo com Mursi enquanto "banho de sangue" não tiver fim e pediu que suas exigências sejam levadas em consideração.

A Frente denuncia há meses o controle de Mursi e da Irmandade Muçulmana sobre as instâncias do país e pede a formação de um "governo de salvação nacional". O comunicado foi divulgado após uma reunião do grupo realizada um dia depois de violentos confrontos em frente ao palácio presidencial, no Cairo.

A oposição se reuniu neste sábado para examinar sua estratégia após os distúrbios ocorridos durante manifestações convocadas pela frente opositora. Os conflitos entre forças de segurança e manifestantes na noite de sexta deixaram um morto e dezenas de feridos. Um egípcio de 23 anos morreu atingido por um tiro nesses enfrentamentos em torno do palácio presidencial, e 91 pessoas ficaram feridas no Cairo e em diversas cidades do país.

Dezenas de opositores a Mursi estão há meses em barracas armadas na Praça Tahrir, eixo da revolta popular que causou a queda do ex-presidente Hosni Mubarak em 2011. A presidência egípcia se declarou neste sábado "entristecida com as imagens chocantes de alguns policiais tratando um manifestante sem respeito à dignidade humana e pelos direitos humanos".

O vídeo divulgado pela televisão e na internet mostra policiais agredindo um homem com cassetetes, e o arrastando depois de terem arrancado sua roupa. No entanto, o governo considerou a agressão um "ato isolado". O ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, ordenou uma investigação para que os policiais agressores "prestem contas", indicou o ministério.

O homem agredido, Hamadah Saber Mohamed Ali, um operário de 50 anos, foi detido "em posse de 18 coquetéis Mololov e de duas latas de combustível", indicou a procuradoria, citando os primeiros elementos da investigação. Um grande aparato de segurança permanecia mobilizado neste sábado nas imediações da presidência para evitar um eventual retorno de manifestantes, mas o ambiente era de calma perto do palácio presidencial e nas avenidas próximas, constatou a AFP.

O cheiro do gás lacrimogêneo ainda estava presente nos arredores do palácio, que teve o seu muro coberto por pixações como "É preciso derrubar o regime" e "Liberdade". Em uma semana, os confrontos deixaram cerca de 60 mortos em um país profundamente dividido entre os partidários e os opositores ao primeiro presidente civil e islamita do Egito.

A presidência assegurou em um comunicado que, apesar da escalada da violência, "o Egito se aproxima da concretização de sua evolução democrática", com eleições legislativas previstas para os próximos meses.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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