A agência de direitos humanos da ONU pediu nesta terça-feira ao presidente do Egito, Mohamed Mursi, que ouça as demandas do povo egípcio e engaje em um "diálogo nacional sério" para resolver a crise política no país.
Rupert Colville, porta-voz da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse também que o papel dos militares, que deram a Mursi um ultimato de 48 horas na segunda-feira para resolver o impasse após a realização de grandes protestos contra o governo, era crucial.
"Apelamos ao presidente do Egito para que ouça as demandas e desejos do povo egípcio manifestados durante esses enormes protestos ao longo dos últimos dias e trate das questões fundamentais levantadas pela oposição e pela sociedade civil nos últimos meses", disse ele durante entrevista coletiva em Genebra.
"Pedimos a todos os partidos políticos e grupos sociais no Egito que estabeleçam urgentemente um diálogo nacional sério, a fim de encontrar uma solução para a crise política e evitar uma escalada da violência."
Questionado sobre o papel dos militares, Colville disse: "Estamos falamos, com esperança, sobre uma nova democracia em desenvolvimento no Egito, por isso, obviamente, o que os militares fazem ou deixam de fazer é crucial. Nada que possa prejudicar os processos democráticos no país deve ser feito."
"A democracia do Egito é, obviamente, muito frágil e ninguém quer vê-la cair ou ruir de maneira alguma", disse Colville à Reuters TV.
Manifestantes imersos na multidão usam pequenos canhões de raio laser para protestar na marcha contra Mursi no Cairo; o Egito vive nova onda massiva de contestação do presidente, pressionado agora também pelas Forças Armadas
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Foto da noite de 30 de junho mostra homem sob foco de laser na sede da Irmandade Muçulmana; ele está atirando objetos contra a multidão que nas ruas protestava contra o grupo e o presidente Mohamed Mursi
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Manifestantes observam helicóptero iluminado por feixes de laser sobre a área da Praça Tahrir e o Palácio Presidencial egípcio
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Milhares marcham em frente ao Palácio Presidencial durante nova mobilização de protesto contra o presidente Mohamed Mursi
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Feixes verdes de lazer iluminam o novo protesto que levou milhares de egípcios às ruas com a nação dividida entre apoiadores e opositores do presidente Mursi, o primeiro mandatário egípcio da era democrática pós-Hosni Mubarak, deposto em fevereiro de 2011
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Os protestos tomam as ruas pouco mais de dois anos depois da queda de Hosni Mubarak e um ano depois do início do mandato de Mohamed Mursi, eleito no histórico pleito de 2012
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A Praça Tahrir, novamente ocupada por dezenas de milhares de egípcios, foi o epicentro da queda de Hosni Mubarak, e se torna novamente o palco central dos protestos que agora contestam a presidência de Mohamed Mursi; Mubarak permaneceu por três décadas no poder e instalou um governo centralizado no Egito, ao passo que Mursi, há um ano no cargo após ser eleito democraticamente, é acusado de autoritarismo e criticado por sua linha política próxima à Irmandada Muçulmana
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Foto em detalhe mostra helicóptero atingido por feixes de laser durante sobrevoo da ampla manifestação que tomou o centro do Cairo na noite de 30 de junho
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A onda nova onda de protestos que recoloca o Egito em uma situação de instabilidade análoga à vivida durante a chamada Primavera Árabe ocorre dias após um discurso no qual Mursi alertou para o risco de cisão nacional
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Manifestantes contrários a Mubarak observam helicópteros sobrevoando a Praça Tahrir, no centro do Cairo
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