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África

ONU atrasa ajuda à Somália por motivos de segurança

28 jul 2011 - 15h10
(atualizado às 15h29)
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O Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas atrasou nesta quinta-feira, por motivos de segurança, a distribuição da ajuda humanitária urgente transportada na quarta-feira de Nairóbi a Mogadíscio para combater a crise da fome na Somália.

Fontes do PMA, que pediram anonimato, informaram à Agência Efe na capital somali que a repartição desses alimentos, destinados especialmente a crianças desnutridas, foi adiada "por razões de segurança" não especificadas, enquanto foram registradas na cidade enfrentamentos entre tropas governamentais e insurgentes.

Mais de cinco mil famílias aguardavam nesta quinta-feira em Mogadíscio, sem sucesso, a distribuição de comida.

"Estivemos esperando a ajuda em longas filas. Fazia muito calor. Disseram que a distribuição tinha atrasado, mas não nos especificaram quando chegaria", lamentou Huburow Gabow Kulow, mãe de cinco filhos.

"Apenas as mães que perderam filhos e ainda temem perder aqueles que permanecem vivos sabem que cada segundo de atraso significa que mais crianças morrerão", acrescentou Huburow.

A demora aconteceu durante um dia no qual as tropas do governo federal de Transição da Somália atacaram o grupo islâmico radical Al Shabaab, vinculado à rede Al Qaeda, em Mogadíscio.

O comandante das tropas governamentais somalis, Abdulahi Ali Anod, informou que a ofensiva pretende permitir que a ajuda chegue aos necessitados, uma vez que Al Shabaab mantém o veto às agências da ONU para operar em territórios sob seu controle, especialmente no sul, onde duas regiões estão em estado de crise de fome.

"A ofensiva servirá para garantir a ajuda dos trabalhadores humanitários ao povo, porque se não atacamos Al Shabaab, poderão seguir pondo em risco a ajuda", considerou Anod.

Além disso, o comandante somali apontou que seus homens haviam matado 15 militantes do Al Shabaab e tomado o controle de várias posições estratégicas "para garantir que não haja ameaça ao fluxo de ajuda em Mogadíscio".

Neste sentido, a porta-voz do PMA em Nairóbi, Challiss McDonough, declarou à EFE que não serão divulgadas as datas da ponte aérea humanitária entre Nairóbi e a capital somali, iniciada ontem, para não comprometer a segurança dos voos.

Além disso, o PMA emitiu um comunicado no qual afirmou que a ajuda guardada em seus armazéns de Mogadíscio chega a seus destinatários, mas não esclareceu se está repartindo aquela recebida ontem desde Nairóbi, dirigida especialmente a crianças desnutridas.

Na última semana, o Programa Mundial de Alimentos arrecadou US$ 252 milhões para combater a seca e a fome no Chifre da África, segundo outro comunicado dessa agência divulgado nesta quinta-feira em Nairóbi.

"Estamos vendo como o mundo está se unindo para ajudar a cortar o aumento dos níveis de fome e desnutrição no Chifre da África", declarou o subdiretor de Relações Externas e Mobilização de Recursos do PMA, Ramiro Lopes da Silva.

No último dia 20, a ONU declarou estado de crise de fome nas regiões meridionais somalis de Bakool e Lower Shabelle, mas não prevê que a situação se propague, apesar da situação de grave crise alimentícia que afeta o sul da Etiópia e o norte do Quênia.

A seca que castiga o Chifre da África - a pior na região nos últimos 60 anos, segundo a ONU - e seus devastadores efeitos mantêm em situação crítica cerca de 11 milhões de pessoas.

EFE   
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