A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta sexta-feira para que sejam mantidos os esforços para conter a epidemia de ebola na África, após a morte de oito pessoas na Guiné-Conacri, que ensinavam a população a prevenir a doença.
“Essas mortes devem ser investigadas, mas não devem impedir o diálogo com as comunidades. Devemos continuar a explicar-lhes o nosso trabalho e a demonstrar empatia pelas vítimas, suas famílias e a comunidade”, disse o médico Pierre Formenty, especialista da OMS para o ebola.
“De outro modo, não será possível que nos escutem e não se poderá controlar o surto”, adiantou Formenty, que voltou a Genebra após um mês de trabalho na Libéria para deter a propagação do vírus.
O ataque contra a equipe de sensibilização – que incluía pessoal de saúde e jornalistas e cujos corpos foram encontrados nessa quinta-feira – ocorreu em uma aldeia próxima da localidade de Nzerekore, no Sudeste da Guiné-Conacri, onde foi identificado pela primeira vez, em março, o atual surto de ebola.
“As populações das zonas rurais sofrem muito e não confiam nos governos”, lembrou o especialista, adiantando que o incidente “mostra a complexidade” para conter a epidemia.
Os elementos da equipe foram “mortos friamente pelos aldeões de Womé”, disse o porta-voz do governo Albert Damantang Camara. O tenente Richard Haba, da Polícia Militar local, disse que os habitantes da aldeia “suspeitavam que os membros da equipe de sensibilização vinham matá-los, porque, segundo eles, o ebola é uma invenção dos brancos para matar os negros”.
A febre hemorrágica já causou 2.630 mortos em 5.357 casos registrados na África Ocidental, segundo o último balanço da OMS.
Na Guiné-Conacri, foram registradas 601 mortes em 942 casos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que "medidas drásticas" devem ser tomadas para conter o surto de ebola na África Ocidental, que já matou cerca de 400 pessoas. É o maior surto em números de casos, número de mortes e em distribuição geográfica. Na foto, uma equipe está próxima ao corpo de uma vítima
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mais de 600 casos já foram registrados na República da Guiné, onde o surto começou há 4 meses em Guekedou (foto acima). O local já foi um importante posto de troca na região, atraindo comerciantes de diversos países vizinhos.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o surto de ebola está fora do controle. O MSF tem cerca de 300 funcionários nacionais e internacionais trabalhando nos países onde o vírus se espalhou. Outros países estão sob alerta. A foto acima mostra um paciente sendo tratado por funcionários da organização.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O ebola é uma doença viral, cujos sintomas inciais podem incluir febre repentina, forte fraqueza, dores musculares e de garganta, segundo a OMS. E isso é só o início: o próximo passo é vômito, diarreia e, em alguns casos, hemorragia interna e externa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O vírus é altamente contagioso,e não tem vacina ou cura, por isso equipes médicas usam roupas especiais para evitar contaminação. Dependendo da força, até 90% dos infectados morrem. Na foto, pacientes esperam resultado de exames de sangue
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Os testes de laboratório irão determinar em questão de horas se as amostras contém ou não o vírus do ebola
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Após exposição ao vírus na área isolada, roupas e botas das equipes de atendimento são desinfetadas com cloro
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Além de cuidar da clínica, a equipe tenta conscientizar as pessoas sobre a doença. No bairro de Touloubengo, colchões são distribuídos a cinco famílias cujas casas foram desinfetadas após a morte de um membro.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Sia Bintou passou mais de 10 dias em tratamento, com poucas esperanças de deixar o local viva, mas sobreviveu. Enquanto não há um tratamento específico para o ebola, a equipe tenta fortalecer os pacientes tratando os sintomas.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mas nem todos se salvam. Nessa foto, a família de Finda Marie Kamano, incluindo sua irmã (centro), e outros membros da comunidade, estão presentes em seu funeral próximo a sua casa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A sepultura de Finda Marie é marcada com um broto de árvore
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil