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África

Nelson Mandela deixa hospital, mas continua em estado crítico

1 set 2013 - 10h22
(atualizado às 10h44)
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O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, de 95 anos, voltou para casa neste domingo, após quase três meses de hospitalização, e receberá o mesmo tratamento intensivo em domicílio, já que seu estado de saúde segue "crítico".

"O ex-presidente Nelson Mandela deixou esta manhã, 1º de setembro de 2013, o hospital de Pretória onde recebia tratamento", indicou a presidência, acrescentando que seu estado de saúde segue "crítico e, por vezes, instável".

No comunicado, as autoridades desejam "seus melhores votos de convalescênça", mas é difícil saber se este retorno a sua casa significa uma melhora real em seu estado de saúde, ou a vontade de evitar que o prêmio Nobel da Paz termine sua vida entre quatro paredes anônimas de um quarto de hospital.

Sua casa de Johannesburgo, localizada no tranquilo e arborizado bairro de Houghton, foi transformada em hospital, "reconfigurada para permitir que ele receba o mesmo tratamento intensivo".

"Sua equipe de médicos está convencida de que ele receberá os mesmos cuidados do que em Pretória", revelou a presidência.

Além disso, a equipe "em seu domicílio é exatamente a mesma do hospital", segundo o comunicado. No entanto, "se as condições demandarem outra admissão no hospital, assim será feito".

Está fora de questão para o ex-presidente se instalar em Qunu (sul), o vilarejo de sua infância onde esperava terminar tranquilamente seus dias desde sua retirada da vida pública, mas que está localizado a 900 km, longe dos melhores hospitais e médicos do país.

Sábado, a presidência desmentiu informações segundo as quais o herói da luta anti-apartheid havia voltado para casa.

Mas, neste domingo, pouco depois das 09h00 GMT (06h00 no horário de Brasília) , uma ambulância escoltada pela polícia foi vista por um fotógrafo da AFP chegando à casa de Mandela.

A presidência também reconheceu, pela primeira vez, que o ex-presidente sofria de complicações múltiplas, e não apenas de um problema pulmonar, indicando que "Mandela, apesar das dificuldades causadas por diversas complicações, mostra uma imensa força de vontade".

Única habilitada a comunicar informações sobre o estado de saúde de Mandela, a presidência se recusa a entrar em detalhes sobre o tratamento administrado ao herói nacional. E neste domingo, voltou a apelar "à dignidade e à se abster de toda intromissão inútil".

Entrevistado por telefone, o professor Bertrand Dautzenberg, pneumologista do Hospital Pitié-Salpêtrière, disse à AFP que "é possível ventilar (com a ajuda de aparelhos respiratórios) pacientes em casa. É verdade que temos materiais que permitem o mesmo nível de cuidados em casa" para tais casos.

"Quando esse estado dura muito tempo, os médicos podem decidir levar o paciente para casa, mesmo se não estiver estabilizado, com a finalidade de cura ou para fins de cuidados paliativos, conforto (...) O fato de estar em um ambiente mais normal é sempre positivo para o paciente. Nesses casos, normalmente, quando as pessoas se encontram na companhia de familiares, é por razões de conforto, bem-estar e de custos. Aqui o custo obviamente não é levado em conta", observou.

Nelson Mandela, herói da luta contra o apartheid, foi hospitalizado em caráter de urgência em 8 de junho por uma infecção pulmonar e desde 23 de junho se encontra em estado "crítico".

Nos últimos dois meses, a saúde do prêmio Nobel da Paz tem sido motivo de grande preocupação na África do Sul.

Mandela, detido durante 27 anos pelo regime segregacionista do apartheid, saiu da prisão sem pronunciar uma só palavra de vingança.

Libertado em 1990, negociou com as pessoas que na época ocupavam o poder uma transição para a democracia. Uma vez convertido em presidente, em 1994, não tentou humilhar ou prejudicar a comunidade branca, defendendo permanentemente a reconciliação.

Foi também esta capacidade para perdoar seus carcereiros brancos o que permitiu que Mandela ocupe um lugar permanente na História.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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