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Na véspera da independência, clima de festa toma Sudão do Sul

8 jul 2011 - 11h00
(atualizado às 11h15)
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A menos de um dia de proclamar sua independência, o Sudão do Sul vive nesta sexta-feira um ambiente de festa, com músicas e bailes pelas ruas da cidade de Juba, repletas de centenas de cidadãos que não querem perder as comemorações e se preparam para uma jornada histórica.

Desde o início da manhã, vários convidados procedentes de outros países chegavam ao aeroporto de Juba, capital do novo país, que registra uma atividade sem precedentes.

Esse movimento se intensificará neste sábado, quando se espera um maior número de convidados, sobretudo, chefes de Estado e autoridades de alto escalão. Entre os presentes, estará uma delegação do Vaticano, liderada pelo cardeal John Njue.

Nas ruas principais da cidade, houve manifestações organizadas por forças do Sul, incluindo militares, policiais e carcereiros, que desfilaram perante o mausoléu de John Garang, líder histórico da rebelião contra o norte, que morreu em um acidente de helicóptero em 30 de julho de 2005, sete meses após os acordos de paz entre as duas regiões.

Apesar de se tratar de um desfile das forças de segurança, o ambiente era carnavalesco, com carros de som e caminhões com alto-falantes que divulgavam o novo hino do Sudão do Sul, seguidos de uma caravana de motocicletas que faziam soar buzinas, enquanto os cidadãos gritavam de alegria.

Em outras partes da cidade, dezenas de homens e mulheres vestidos com trajes típicos locais comemoravam com danças tradicionais de diversas regiões do Sudão do Sul, como mostra de seu legado cultural.

"Finalmente chegou a liberdade. Milhões de pessoas morreram e não podem estar aqui hoje para comemorar, portanto, nós estamos comemorando por elas", destacou à Agência Efe o estudante universitário David Kenyi.

Ele considera como heróis os familiares que perdeu durante os 21 anos de guerra entre o norte e o sul do Sudão, que terminou com a assinatura de acordos de paz em 2005.

Esses pactos estipulavam a realização do referendo de autodeterminação para a até agora região autônoma do sul do Sudão, o que ocorreu em janeiro passado e concluiu com uma arrasadora vitória do "sim".

Para celebrar a ansiada independência, muitas pessoas andavam pelas ruas de Juba vestidas com as cores da bandeira do novo país (preto, vermelho e verde, com um triângulo azul marcado por uma estrela), enquanto carros circulavam com o símbolo.

Em muitos pontos da cidade, há cartazes com mensagens dando as boas-vindas à nova nação, a primeira que surge na África desde a secessão da Eritréia em relação à Etiópia em 1993.

Com quase 90% dos preparativos concluídos, os operários trabalham às pressas para terminar a tempo as instalações para acomodar os convidados no ato desta sexta-feira e melhorar a aparência de alguns edifícios antigos, cujas fachadas estão sendo pintadas.

Nas imediações do mausoléu de John Garang, onde será realizada a cerimônia e serão recebidos os chefes de Estado e responsáveis da ONU, foram colocados mastros para as 193 bandeiras dos países-membros das Nações Unidas.

A grande protagonista será a nova insígnia do Sudão do Sul, que será içada durante a cerimônia diante de milhares de cidadãos.

Espera-se que, durante a cerimônia, sejam pronunciados discursos do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, do presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e do líder do Sudão (sucessor da parte norte), Omar Hassan Ahmad al-Bashir.

Para que tudo saia nos conformes, durante as últimas semanas, grupos de homens e mulheres se encarregaram dos trabalhos de limpeza das ruas de Juba, em uma campanha lançada há meses.

Uma dessas pessoas é Mary Agoth, mãe de cinco filhos. Ela destacou à Agência Efe que passou meses limpando a cidade. "Estou muito orgulhosa de fazer isso. Esperamos durante tanto tempo que este dia chegasse, é minha contribuição".

Devido ao fechamento de muitas lojas durante as festividades, muitos cidadãos se apressaram nesta sexta-feira para fazer as compras de última hora e se abastecer de mantimentos para os próximos dias, como Bullen Deng. "Vim porque a celebração vai durar vários dias e não tenho certeza de quando abrirão as lojas", destacou.

As festividades da independência incluem shows e partidas de futebol e de basquete amistosas, protagonizadas pela seleção do novo país contra as seleções do Quênia e de Uganda.

EFE   
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