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África

Mubarak segue preso e aguarda retomada do julgamento em 8 de junho

11 mai 2013 - 06h49
(atualizado às 10h55)
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Ex-presidente egípcio chegou ao julgamento de cadeira de rodas, roupa branca e óculos escuros
Ex-presidente egípcio chegou ao julgamento de cadeira de rodas, roupa branca e óculos escuros
Foto: Egiptian TV / AFP

A próxima audiência do julgamento de Hosni Mubarak acontecerá no dia 8 de junho, anunciou neste sábado o juiz Mahmoud el Rachidi, que estendeu a prisão preventiva do ex-presidente egípcio e os demais acusados de corrupção e envolvimento na morte de manifestantes.

Mubarak, processado por cumplicidade no assassinato de centenas de manifestantes e por corrupção, compareceu na manhã deste sábado a um tribunal do Cairo para ser julgado novamente. Mubarak, de 85 anos, chegou em uma cadeira de rodas, vestido de branco e com óculos escuros. Quando foi chamado, levantou a mão e respondeu "presente".

O ex-homem forte do país mais populoso do mundo árabe compareceu junto aos seus dois filhos, Alaa e Gamal, e também acompanhado por seu ex-ministro do Interior Habib el-Adli e por seis ex-responsáveis dos serviços de segurança. Como já ocorreu em outras ocasiões, todos se declararam inocentes no início da audiência.

Na sessão de hoje, o tribunal decidiu unir no mesmo processo as duas causas pelas que são julgados Mubarak, o ex-ministro do Interior Habib al Adli e dois filhos do ex-presidente. El Rachidi deu por concluída a primeira sessão do novo julgamento, que uma corte de apelação ordenou repetir, meses depois da anulação da condenação da prisão perpétua para Mubarak e Al Adli.

Até que o julgamento seja retomado, a corte analisará os 55 mil documentos apresentados, entre estes, novas provas que não estavam anexadas anteriormente. Além disso, os advogados de ambas as partes poderão consultar os documentos da promotoria, que por sua vez, deverá apresentar um memorando sobre o período de prisão preventiva dos acusados.

Os filhos de Mubarak, Alaa e Gamal, estão sendo acusados por corrupção e fraude em processo no qual está incluído o empresário Hussein Salem, considerado foragido da justiça. Segundo a promotoria, eles causaram perdas de US$ 714 milhões para o país.

O ministro do Interior de Mubarak, segundo a acusação, foi liberado pelo ex-presidente para que usasse armas de fogo e veículos para que a polícia cometesse os crimes, com o ex-líder não intervindo para evitar as mortes. Al Adli também foi acusado pelo corte das telecomunicações no país e do esvaziamento da segurança durante os distúrbios, enquanto um de seus auxiliares Hussein Abdel-Rahman, supostamente não detectou os planos de "alguns elementos estrangeiros" de libertar presos.

A próxima audiência do julgamento de Hosni Mubarak acontecerá no dia 8 de junho, anunciou neste sábado o juiz Mahmoud el Rachidi, que estendeu a prisão preventiva do ex-presidente egípcio e os demais acusados de corrupção e envolvimento na morte de manifestantes. Na sessão de hoje, o tribunal decidiu unir no mesmo processo as duas causas pelas que são julgados Mubarak, o ex-ministro do Interior Habib al Adli e dois filhos do ex-presidente.

Do lado de fora

Advogados das famílias das vítimas da revolta de 2011 gritaram "o povo quer a execução do assassino" quando Mubarak chegou ao banco dos réus. No lado de fora do tribunal havia membros de famílias que se apresentam como parte civil no julgamento.

"Continuo lutando por meus direitos. Tenho esperança", afirmava Sanaa Said, mãe de um jovem de 20 anos falecido em janeiro de 2011. Mais de 850 pessoas perderam a vida na revolta popular, segundo números oficiais.

Do lado de fora da polícia, onde ocorre julgamento, apoiadores de Mubarak exibiam cartazes e gritavam slogans
Do lado de fora da polícia, onde ocorre julgamento, apoiadores de Mubarak exibiam cartazes e gritavam slogans
Foto: AP

A alguns metros de distância, alguns simpatizantes de Mubarak seguravam cartazes nos quais se lia "liberdade para o presidente".

O julgamento deveria ter ocorrido no dia 13 de abril, mas nessa data, após o início da audiência, o presidente do tribunal, Mustafa Hassan Abdullah, decidiu se retirar do caso. O juiz havia sido questionado por ter absolvido várias autoridades do antigo regime em outro processo judicial.

No primeiro julgamento, que teve início em agosto de 2011, Mubarak e Adli, contra os quais se pedia a pena de morte, foram condenados à prisão perpétua. Os outros responsáveis foram absolvidos.

Um tribunal de cassação anulou todos esses veredictos em janeiro, o que forçou a realização de um novo julgamento, que, como o anterior, é realizado diante de um tribunal penal instalado, por motivos de segurança, em uma academia de polícia dos subúrbios do Cairo.

Alaa e Gamal são acusados de corrupção. Um executivo próximo ao clã Mubarak, Hussein Salem, será julgado à revelia.

O primeiro julgamento havia provocado muito interesse no Egito e em todo o mundo árabe, sobretudo as imagens do ex-chefe de Estado, outrora todo-poderoso, comparecendo deitado em uma maca. No entanto, o novo julgamento perdeu protagonismo diante da instabilidade do país, afundado em uma profunda crise política, de segurança e econômica. O Egito é dirigido atualmente pelo presidente Mohamed Mursi, procedente da confraria da Irmandade Muçulmana, perseguida nos tempos de Mubarak.

A saúde de Mubarak foi alvo durante meses de especulações que afirmavam que havia se deteriorado muito e que sofria de uma profunda depressão. Mas em abril o ex-ditador surpreendeu mostrando-se seguro de si mesmo e relaxado no banco dos réus. A decisão de um tribunal de decretar sua liberdade até a realização de um novo julgamento desencadeou uma batalha judicial nas últimas semanas. O procurador-geral conseguiu, por fim, que Mubarak permanecesse em prisão preventiva devido às novas acusações de corrupção.

Mubarak encontra-se atualmente detido junto com seus dois filhos na prisão de Tora, nos arredores do Cairo, depois de ter passado um período em um hospital militar.

Fonte: Com informações da AFP
EFE   
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