A Irmandade Muçulmana deve fazer parte do futuro político do Egito e deve parar de incitar a violência, disse o ministro das Relações Exteriores do país, neste domingo, um dia depois de o grupo acusar as forças de segurança de matar 72 de seus partidários nas ruas. Nabil Fahmy advertiu que aprofundar as divisões políticas levaria "em última análise, a mais tragédias" e acusou a Irmandade de inflamar o derramamento de sangue, o que representa uma ameaça de segurança para o Egito e prejudica os esforços para reanimar a frágil economia.
O Estado mais populoso do mundo árabe torna-se cada vez mais polarizado desde que o Exército destituiu o presidente Mohamed Mursi do poder há três semanas, enfurecendo a Irmandade Muçulmana. "Acho que essa polarização intensa e a contínua incitação à violência é muito, muito perigosa, porque mantém as pessoas com um pavio muito curto, francamente, e o Egito precisa avançar", disse Fahmy em entrevista à Reuters.
A violência de sábado levantou preocupações no Ocidente sobre a crescente turbulência no Egito, um aliado estratégico dos EUA. A Irmandade acusou as forças de segurança de atacarem repetidamente os manifestantes que protestavam contra o que consideram um golpe contra o primeiro líder livremente eleito do país.
Mas, enquanto a Irmandade reitera o compromisso declarado de resistência pacífica, as autoridades dizem que os seus apoiadores estão se voltando cada vez mais para a violência, estimulados pela retórica inflamada de sua liderança. Fahmy conectou os esforços de reconciliação ao que descreveu como o fim da violência e jogou o ônus sobre os líderes da Irmandade, que ele diz estarem incitando o derramamento de sangue.
"A Irmandade Muçulmana tem uma escolha. Se ela quer ser parte da cena política egípcia, a porta está aberta", disse ele. "Dito isto, se optar por recorrer à violência, eles estarão sujeitos a toda a força da lei, à lei".
A Irmandade acusou o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sisi, de roubar do Egito as conquistas democráticas adquiridas desde a derrubada de Hosni Mubarak em 2011 e quer a reintegração de Mursi.
Menino egípcio ora de joelhos ao lado de seu pai, um simpatizante de Mursi que foi baleado durante confronto com as forças de segurança em Cidade Nasr. nos arredores do Cairo
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Corpos de mortos no confronto são cobertos por lençois brancos dentro de hospital de campo no Cairo
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Sangue e roupas são vistas ao redor de corpos não identificados de mortos no massacre
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Simpatizante de Mursi mostra as mãos sujas de sangue após o confronto
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Egípcios choram a morte de companheiros mortos nos confrontos
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Egípcio checa a identidade de simpatizante da Irmandade Muçulmana morto a tiros
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Egípcio pede que seu companheiro seja atendido com urgência em hospital de campo
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Simpatizantes de Mursi atiram pedras atrás de barricada improvisada
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Simpatizantes de Mursi correm de gás lacrimogêneo utilizado para dispersar a manifestação
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As autoridades reforçaram a segurança nesta sexta-feira no Cairo e no restante do país para este dia de alto risco, no qual grupos adversários mediam forças nas ruas num momento em que a violência relacionada aos conflitos políticos deixou mais de 200 mortos em um mês
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Nesta sexta, a justiça ordenou a prisão preventiva de Mursi, detido pelo Exército em um local secreto desde sua deposição, em 3 de julho, alegando que havia fugido em 2011 de uma prisão na qual havia ficado preso pelo regime de seu antecessor, Hosni Mubarak, com a ajuda do Hamas palestino
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"Eles não atiram para ferir, atiram para matar", declarou o porta-voz da Irmandade, Gehad El-Haddad. Ele acredita que ao menos 175 pessoas tenham sido atingidas por disparos, muitas na cabeça e no peito. Não há ainda qualquer número oficial sobre a ocorrência
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Dezenas morreram na madrugada deste sábado, por conta de confrontos entre forças de segurança e manifestantes pró-Mursi nas ruas do Cairo, segundo estimativa divulgada pela Irmanda Muçulmana. Ainda de acordo com o partido, o número de fatalidades pode passar de cem, pois há uma grande quantidade de feridos
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Simpatizantes de Mursi carregam colega ferido durante o confronto
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