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Mundo

Milícia tenta impedir refugiados somalis de chegar ao Quênia

5 ago 2011 - 09h30
(atualizado às 10h05)
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Os refugiados somalis que fugiram da crise de fome em seu país revelaram que a milícia islâmica Al Shabab estabeleceu barricadas para impedir a passagem de grupos que tentam chegar aos campos de refugiados na Etiópia e no Quênia com a esperança de receber ajuda.

Essa afirmação foi feita nesta sexta-feira pelo representante do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) na Somália, Brunno Geddo, em seu retorno da aldeia somali de Dolo, que constitui praticamente a última etapa antes da fronteira para alcançar o campo de refugiados de Dolo Ado, do lado etíope.

Ele sustentou que Al Shabab, um grupo armado vinculado a Al Qaeda, está percebendo que o êxodo reduz suas oportunidades de recrutar milicianos, que podem estar dispostos a se alistar diante da promessa de que receberão um salário e alimentos.

Os relatos dos somalis que chegaram recentemente à fronteira demonstram que atualmente é mais difícil fazer o trajeto e que uma das maneiras de completá-lo é passando de noite em regiões onde a milícia criou postos de controle.

Outra razão que explica a diminuição do número de refugiados que chegaram à Etiópia e ao Quênia nos últimos dias é que os deslocados "acreditam que a ajuda humanitária está mais acessível em Mogadíscio", de modo que preferem ir para a capital em vez de tentarem sair do país, disse Geddo.

Segundo ele, outro elemento a ser considerado é que muitos refugiados que chegaram a Dolo Ado "contaram que o acampamento está cheio e que a ajuda que recebem não foi aquela que esperavam".

"A decisão de partir é muito complexa e inclui muitos fatores", disse o representante do Acnur através de uma teleconferência.

Nas visitas que realizou durante sua missão a Dolo, Geddo constatou que muitos deslocados "consideram que é melhor permanecer do lado somali porque, em primeiro lugar, têm liberdade de movimento, o que não ocorre nos campos de refugiados, onde a segurança é muito severa".

"Em segundo lugar, permanecendo em seu país, os somalis podem realizar pequenas atividades, como recolher lenha ou lavar roupas, para ganhar algum dinheiro, e depois podem retornar a suas regiões de origem e plantar para a próxima estação de chuvas que começa em outubro", acrescentou.

Outra missão de avaliação do Acnur na rota que leva do sul da Somália à região do Quênia na qual está o campo de refugiados de Dadaab (o maior do mundo, com cerca de 400 mil habitantes) constatou que os somalis devem pagar cerca de US$ 50 para embarcar em táxis que os levem à região fronteiriça de Dobley.

Em muitos casos, os deslocados ficam lá porque não encontram meios de chegar a Dadaab.

Segundo o último relatório da sede do Acnur, em Genebra, nos primeiros quatro dias de agosto o fluxo de refugiados para Dadaab passou para 1,5 mil pessoas por dia, frente a uma média de 1,3 mil em julho.

EFE   
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