PUBLICIDADE

África

Manifestações no Egito deixam dois mortos

28 jun 2013 - 19h10
(atualizado às 19h15)
Compartilhar

As manifestações desta sexta-feira em várias cidades do Egito entre partidários e críticos ao presidente Mohamed Mursi deixaram dois mortos, sendo um americano, antes de uma grande mobilização prevista para domingo para pedir sua renúncia.

Em Alexandria, segunda maior cidade do país, um americano de 21 anos, que segundo as autoridades, trabalhava em um centro cultural dos Estados Unidos, morreu apunhalado, segundo o Ministério da Saúde, embora fontes do hospital tenham indicado que tinha sido morto a tiros.

A outra vítima em Alexandria é um egípcio que morreu atingido por um tiro, segundo as autoridades.

Desde quarta, seis pessoas morreram em enfrentamentos em todo o país.

A televisão exibiu imagens de manifestantes jogando pedras no bairro de Sidi Gaber, em Alexandria, onde foi queimada uma sede do Partido da Liberdade (PLJ), organização política da Irmandade Muçulmana, movimento do presidente.

Outra sede do partido em Aga, no Delta do Nilo, também foi atacada e incendiada.

Também houve confrontos nas províncias de Daqahliya e Beheira, com pelo menos 130 feridos em todo o Egito, segundo autoridades de segurança.

No Cairo, vários simpatizantes de partidos islamitas se reuniram nas imediações da mesquita Rabaa al-Adauiya de Nasr City, no subúrbio da capital, para manifestar seu apoio a Mursi e a rejeição à saída do presidente apenas um ano depois de sua posse, como exige a oposição.

"Não vamos permitir um golpe de estado contra o presidente", disse Mohamed al-Beltagui, um dirigente da Irmandade Muçulmana, diante de milhares de seguidores.

O lema da manifestação é "a legitimidade (da eleição de Mursi) é a linha vermelha", referindo-se à insistência do presidente em afirmar que venceu eleições livres e limpas, e que conta com um mandato popular.

Enquanto isso, os opositores protestaram com bandeiras egípcias gritando "Fora!", dirigindo-se rumo à emblemática Praça Tahrir do Cairo, que se tornou o epicentro das manifestações de 2011 que causaram a renúncia de Hosni Mubarak, após três décadas no poder.

Também houve manifestações contra de Mursi em Port Said e na Delta do Nilo.

A legitimidade do presidente Mursi, que tomou posse em 30 de junho de 2012, é o centro das tensões entre partidários e opositores.

Os opositores de Mursi denunciam a intenção da Irmandade Muçulmana de controlar todas instâncias de poder e tentar impor sua ideologia islâmica à sociedade. Mursi também é acusado de não saber lidar com a grave crise econômica que aflige o país.

Seus partidários, no entanto, apontam que ele adquiriu legitimidade em uma votação democrática, e acusam a oposição de fazer o jogo da "contra-revolução", procurando destituí-lo nas ruas e impedindo a substituição de alguns funcionários acusados de serem da era Mubarak.

A oposição convocou para domingo uma grande manifestação para pedir sua renúncia, coincidindo com o primeiro aniversário de sua eleição.

Empresas e lojas anunciaram que não devem abrir suas portas no domingo, dia que marca o início da semana no Egito.

No Cairo, algumas pessoas sacaram dinheiro e fizeram estoques de comida, enquanto longas filas se formaram nos postos de combustível.

O ministro da Defesa, Abdel Fattah al-Sissi, declarou que o Exército está preparado para agir em caso de violência durante as manifestações.

Criado em abril para exigir a saída de Mursi, o movimento Tamarod (rebelião em árabe) afirma ter reunido 15 milhões de assinaturas cobrando a realização de eleições presidenciais antecipadas.

Na quarta-feira, o presidente Mohamed Mursi advertiu em um discurso televisionado que as divisões ameaçam "paralisar" o país.

Em seu discurso, o presidente egípcio prometeu reformas e fez um apelo ao diálogo.

"Para que a revolução alcance seus objetivos, são necessárias reformas profundas", disse Mursi, referindo-se à revolução que derrubou o presidente Hosni Mubarak em 2011.

O presidente reconheceu que havia cometido "erros" no primeiro ano de seu mandato. "Cometi muitos erros, é indiscutível. Erros podem ser cometidos, mas têm que ser corrigidos", reconheceu.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade