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África

Manifestações contra presidente egípcio deixam um morto

1 fev 2013 - 21h43
(atualizado às 21h46)
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Um homem foi morto com um tiro nesta sexta-feira durante confrontos entre manifestantes e policiais diante do palácio presidencial no Cairo, durante uma nova jornada de protestos contra o presidente islamita Mohamed Mursi.

Mohammed Hussein Qarni, 23 anos, não resistiu ao ferimento causado por um tiro depois de ter sido atingido quando estava em frente ao palácio presidencial, indicou Ahmed Ansari, vice-presidente dos serviços de saúde egípcios

Ansari acrescentou que 53 pessoas ficaram feridas nos conflitos entre a polícia e manifestantes em diversas cidades do país.

A presidência havia advertido anteriormente em um comunicado que as forças de segurança agiriam "com a maior firmeza para aplicar a lei e proteger os edifícios públicos", ressaltando que "as forças políticas que teriam incitado (estes atos) assumirão a total responsabilidade".

Os confrontos, que continuavam tarde da noite, eclodiram apesar do compromisso das forças políticas de evitar a violência, após os confrontos que deixaram 56 mortos em uma semana, em um país dividido entre partidários e opositores a Mursi, primeiro presidente civil e islamita do Egito eleito em junho.

Reunidos atendendo à convocação da Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão opositora, os manifestantes jogaram pedras, coquetéis Molotov e dispararam fogos de artifício contra o palácio e as forças de ordem, que usaram bombas de gás lacrimogêneo, jatos d'água e atiraram para o alto.

Os manifestantes atearam fogo em pneus gritando "o povo quer a queda do regime", lema lançado há dois anos durante a revolta popular que derrubou o presidente Hosni Mubarak.

A polícia chegou a recuar e se manter no interior do palácio presidencial diante do avanço dos manifestantes, que conseguiram retirar o arame farpado que cercava o palácio e tentaram escalar um dos portões, indicou a agência oficial Mena.

O comandante da Guarda Republicana, citado pela Mena, exortou os manifestantes a evitar "qualquer ato que atente contra a ordem pública".

"Ninguém vai nos tirar daqui", lançou Ahmed Gamal, um jovem manifestante encapuzado. "Não sairemos até que tenhamos derrubado Mursi", disse Mohamed Samir, um desempregado de 32 anos.

"Liberdade !" "Mursi é ilegítimo", "Fora !", gritava a multidão que invadiu as principais avenidas da capital no início da tarde desta sexta-feira, após a oração semanal muçulmana.

Com bandeiras e faixas exigindo "justiça" para as dezenas de vítimas da onda de violência que atingiu o país nos últimos dias, os manifestantes rumaram para a Praça Tahrir e para o palácio presidencial na periferia de Heliópolis.

Milhares de outros manifestantes se reuniram em Alexandria e em Port Said (noroeste). Foi nesta cidade onde, no dia 26 de fevereiro, foram registrados os confrontos mais violentos, que terminaram com a morte de 40 pessoas, após a condenação à morte de 21 torcedores do clube de futebol local envolvido em um massacre ocorrido em um estádio há um ano.

Para que a crise que afeta o país chegue ao fim, a Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão opositora, exige o fim do "monopólio" do poder pela Irmandade Muçulmana, formação a que pertence o presidente Mursi, além da criação de um governo de salvação nacional, da revisão da Constituição e da saída do procurador-geral nomeado pelo chefe de Estado.

"Se essas reivindicações não forem atendidas, nenhum diálogo político dará frutos", declarou a FSN em um comunicado.

Em um documento assinado após uma reunião no Cairo realizada na quinta-feira, os participantes "denunciaram a violência em todas as suas formas" e prometeram evitar "qualquer incitação à violência".

Apesar das promessas de diálogo, especialistas se mostram céticos quanto a uma verdadeira reconciliação de um país profundamente dividido.

Os partidários de Mursi afirmam que ele chegou ao poder de forma democrática. Já a oposição acusa o presidente e a Irmandade Muçulmana de privilegiarem a ideologia islâmica em detrimento do interesse geral.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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