Mais de mil pessoas pedem a queda de Kadafi em Tobruk, na Líbia
Mais de mil pessoas pediram nesta quinta-feira no centro de Tobruk, a principal cidade do extremo leste da Líbia, a queda do líder do país, Muammar Kadafi, que tenta manter o controle dos dois terços da parte ocidental.
Com bandeiras da independência líbia e ao grito de "Kadafi fora" e "liberdade para a Líbia", os cidadãos homens da cidade, de pouco mais de 100 mil habitantes, mostraram sua rejeição a Kadafi, que controla o país desde 1969.
"Este é o princípio da revolução", assegurou Khamis Ahmad, professor de Universidade, antes de ressaltar que "Kadafi transformou a revolução branca em uma revolução sangrenta".
Além disso, os manifestantes repudiaram os fatos nesta quinta-feira em Zawiya, perto da fronteira com a Tunísia, onde foram registradas dezenas de mortes após um ataque das forças leais ao regime.
"Não temos medo de Kadafi, que venha" assegurou o professor de História Muhamad Ali, em referência à possibilidade de que Kadafi tente recuperar a parte oriental do país, nas mãos de comitês populares há vários dias.
Kadafi, em mensagem de áudio transmitida pela televisão estatal, pediu nesta quinta-feira que a população "combata" os manifestantes que tomaram várias regiões do país e que, segundo ele, estão a serviço do chefe da Al Qaeda, Osama bin Laden.
Depois que a cadeia estatal anunciou horas antes que Kadafi se dirigiria à população de Zawiya, o canal só emitiu uma breve mensagem de áudio do líder líbio no qual insistiu em ligar os manifestantes com "terroristas, drogados e agentes de serviços secretos estrangeiros".
"Os espiões do estrangeiro distribuem aos jovens drogas para impulsioná-los a criar distúrbios que servem aos interesses da Al Qaeda e de Bin Laden", assegurou.
p>
Líbios enfrentam repressão e desafiam KadafiImpulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.
Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.