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África

Mais de mil pessoas pedem a queda de Kadafi em Tobruk, na Líbia

24 fev 2011 - 15h23
(atualizado às 15h51)
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Mais de mil pessoas pediram nesta quinta-feira no centro de Tobruk, a principal cidade do extremo leste da Líbia, a queda do líder do país, Muammar Kadafi, que tenta manter o controle dos dois terços da parte ocidental.

Manifestante segura papel com uma caricatura de Muammar Kadafi em protesto, em Tobruk
Manifestante segura papel com uma caricatura de Muammar Kadafi em protesto, em Tobruk
Foto: AFP

Com bandeiras da independência líbia e ao grito de "Kadafi fora" e "liberdade para a Líbia", os cidadãos homens da cidade, de pouco mais de 100 mil habitantes, mostraram sua rejeição a Kadafi, que controla o país desde 1969.

"Este é o princípio da revolução", assegurou Khamis Ahmad, professor de Universidade, antes de ressaltar que "Kadafi transformou a revolução branca em uma revolução sangrenta".

Além disso, os manifestantes repudiaram os fatos nesta quinta-feira em Zawiya, perto da fronteira com a Tunísia, onde foram registradas dezenas de mortes após um ataque das forças leais ao regime.

"Não temos medo de Kadafi, que venha" assegurou o professor de História Muhamad Ali, em referência à possibilidade de que Kadafi tente recuperar a parte oriental do país, nas mãos de comitês populares há vários dias.

Kadafi, em mensagem de áudio transmitida pela televisão estatal, pediu nesta quinta-feira que a população "combata" os manifestantes que tomaram várias regiões do país e que, segundo ele, estão a serviço do chefe da Al Qaeda, Osama bin Laden.

Depois que a cadeia estatal anunciou horas antes que Kadafi se dirigiria à população de Zawiya, o canal só emitiu uma breve mensagem de áudio do líder líbio no qual insistiu em ligar os manifestantes com "terroristas, drogados e agentes de serviços secretos estrangeiros".

"Os espiões do estrangeiro distribuem aos jovens drogas para impulsioná-los a criar distúrbios que servem aos interesses da Al Qaeda e de Bin Laden", assegurou.

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Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

EFE   
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