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África

Justiça egípcia proíbe atividades da Irmandade Muçulmana

23 set 2013 - 13h34
(atualizado às 13h35)
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A justiça egípcia proibiu nesta segunda-feira as atividades da Irmandade Muçulmana e ordenou o confisco dos bens do influente grupo, integrado pelo presidente deposto Mohamed Mursi, em um último episódio da campanha orquestrada pelos militares contra o movimento islâmico.

A Irmandade Muçulmana egípcia classificou este julgamento como "político e manchado pela corrupção" e prometeu permanecer "no terreno".

A Irmandade Muçulmana venceu no fim de 2011 as eleições legislativas no Egito. Desde a destituição de Mursi, no início de julho, as novas autoridades instaladas pelo exército reprimem violentamente as manifestações a favor do presidente deposto e prenderam os principais dirigentes da confraria.

A sentença do tribunal, reunido de urgência nesta segunda-feira, se aplica ao grupo - que não tem existência legal -, assim como à Associação da Irmandade Muçulmana, uma ONG criada sob a presidência de Mursi e acusada de servir de fachada à confraria, mas também "a toda organização que emana dela ou é financiada por ela".

O partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, havia vencido confortavelmente as legislativas no fim de 2011, e também poderia cair sob o peso desta sentença.

O grupo reagiu em sua conta oficial no Twitter à decisão do tribunal, afirmando que a "junta militar tenta silenciar quem se opõe (a ela). O julgamento (ordenando a) dissolução é politicamente motivado e faz parte da repressão em curso contra a Irmandade Muçulmana".

"Não importa o que os regimes fascistas usem para eliminar (a Irmandade Muçulmana), a dissolução não afetará a organização", acrescentou o movimento islâmico, garantindo que "permanecerá sempre presente no terreno, mesmo após sua dissolução".

"A Irmandade Muçulmana faz parte da sociedade egípcia, as decisões judiciais marcadas pela corrupção não podem nos atingir", insistiu.

A Irmandade e as demais organizações afetadas podem recorrer da decisão.

Uma fonte judicial indicou à AFP que prevê a criação de um comitê governamental para gerir os bens confiscados da confraria, principalmente imóveis.

Desde a destituição e a prisão em 3 de julho de Mursi, o novo governo instalado pelo Exército afirma "lutar contra o terrorismo".

A repressão implacável contra a Irmandade Muçulmana e os partidários de Mursi atingiu seu clímax em 14 de agosto, quando o Exército e a polícia destruíram dois acampamentos de milhares de islamitas, que exigiam o retorno ao poder do primeiro presidente democraticamente eleito do país.

Durante a semana que se seguiu, mais de mil pessoas foram mortas, a grande maioria manifestantes pró-Mursi. Ao mesmo tempo, mais de 2.000 muçulmanos foram presos.

Os principais líderes da Irmandade Muçulmana estão atualmente atrás das grades, acusados de "incitação à morte" ou "morte", ou ainda na clandestinidade, e os seus bens foram congelados há uma semana.

Para Michael Hanna, especialista do think tank Century, esta decisão judicial ilustra o "tratamento brutal por partes das autoridades que não deixa margem para a confraria agir na vida política e social", enquanto no exterior os pedidos por uma reconciliação nacional têm se multiplicado.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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