Jornalista mais jovem da Líbia, menino de 14 anos funda agência
26 out2011 - 10h00
(atualizado às 10h43)
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Ele tem 14 anos, mãos finas e olhar estrábico. Seu nome é Malek Mohamed e em fevereiro, após a eclosão da rebelião popular na Líbia, não pegou em armas como muitos de seus amigos, familiares e vizinhos, mas fez o que sempre quis, atuou como jornalista.
"Sempre gostei de jornalismo e, com a revolução, decidi começar", conta Mohamed, que detalha após participar de uma entrevista coletiva do presidente do Conselho Nacional de Transição líbio, Mustafa Abdel Jalil, que trabalhou primeiro no jornal Al Rai e em outros veículos até que decidiu fundar, em junho, uma agência de informação, a primeira da Líbia rebelde.
A Agência Brega de notícias, da qual é fundador e diretor, têm 21 trabalhadores, todos voluntários. "São 20 em Benghazi e um em Gaza, na Palestina", comenta Mohamed, além de falar sobre seus projetos de ampliação e de estabelecer delegações nacionais e internacionais, em Trípoli e na Arábia Saudita.
A agência aberta na rede social Facebook há quatro meses, tem 2.770 seguidores, e em seu perfil garante que é "independente" e pertence a "toda a Líbia" e não a uma cidade ou região do país, em referência às rivalidades locais que afloraram durante e após a rebelião.
Mohamed conseguiu seu credenciamento no centro de imprensa do CNT, que não fez nenhuma objeção a sua idade, além de confirmar que ele é o jornalista mais jovem credenciado na Líbia.
"Uma vez, um jornalista estrangeiro me disse que eu era o diretor de agência de notícias mais jovem do mundo, mas não sei", confessa Mohamed com um sorriso tímido.
O jovem age com total naturalidade, como se ter 14 anos, ser jornalista, ir à escola e acabar de viver um conflito armado de oito meses fosse normal.
Na escola, sua disciplina preferida é informática, o que talvez explique a habilidade com que faz downloads e publica fotos que ele mesmo fez, ainda que às vezes saiam um pouco fora de foco.
"A agência cobre informação política, econômica e social", informa o jovem diretor, que publica seu último trabalho, a entrevista coletiva de Mustafa Abdel Jalil, na recepção de um hotel de Benghazi, cercado por correspondentes locais e estrangeiros que viajaram à Líbia para cobrir o fim do conflito armado.
Além de suas fotos, a agência publica ainda notícias e fotografias de outras agências, cuja origem é sempre informada.
Mohamed afirma que sua família o apoia e comenta que "antes do início das aulas", estava envolvido com a cobertura do conflito na maior parte do tempo, já que "trabalhava dia e noite".
O jovem acrescenta que concilia a escola com o jornalismo. "Eu gostaria de ser jornalista internacional", declara o adolescente, o mais velho de cinco irmãos que, por enquanto, segundo afirma, não tem a mesma vocação.
Em sua última aparição antes do início da revolta líbia, o então líder Muammar Kadafi reza durante cerimônia em homenagem ao nascimento do profeta islâmico Maomé, em Trípoli, no dia 13 de fevereiro
Foto: AFP
Veículos ficaram destruídos após ataques à sede da polícia judiciária, em Benghazi, no dia 25 de fevereiro
Foto: AFP
Menino líbio exibe arma de brinquedo durante visita a complexo militar destruído, em Benghazi, ao lado de pai e irmãos, no dia 28 de fevereiro
Foto: AFP
Carro destruído é visto após bombardeio de forças kadafistas a Benghazi no dia 28 de fevereiro
Foto: AFP
Acampamento de refugiados líbios é visto durante a noite nas proximidades da fronteira da Tunísia, em Ras Jdir, no dia 7 de março. A Cruz Vermelha informou na data que cerca de 100 mil pessoas tinham cruzado a fronteira entre os países desde o dia 20 de fevereiro
Foto: AFP
Kadafi acena ao chegar ao hotel Rixos em Trípoli, no dia 8 de março. Na oportunidade, Kadafi ameaçou países europeus e do norte da África para consequências em caso de intervenção internacional na Líbia
Foto: AFP
Rebeldes caminham em rodovia em direção ao fronte de combate de Sidra no dia 10 de março
Foto: AFP
Nuvem de fumaça se ergue em campo de batalha na localidade de Sidra, em 10 de março. Naquele momento, o conflito líbio já tinha registrado ao menos 400 mortes e deixado mais de 2 mil feridos desde 17 de março, quando a revolta popular iniciou
Foto: AFP
Rebelde cai de caminhonete durante fuga de Ajdabiya, em 15 de março, quando a cidade foi fortemente atacada pelas forças de Kadafi
Foto: AFP
Apoiadores dos rebeldes celebram com a bandeira da monarquia líbia em Benghazi, no dia 15 de março. Em meados de março, Kadafi anunciou que tinha intenção de negociar um cessar fogo com os rebeldes
Foto: AFP
Caça líbio incendeia após atingido por forças rebeldes em Benghazi , em 19 de março, dia em que as tropas de Kadafi fizeram um intenso bombardeio à cidade
Foto: AFP
Rebeldes líbios usam banco de areia para se proteger em meio a tiroteio contra forças kadafistas em Ajdabiya, no dia 21 de março, durante as ações de tomada da cidade
Foto: AFP
Combatente rebelde faz a proteção de islamitas durante orações do meio dia de sexta-feira no dia 25 de março, em Benghazi
Foto: AFP
Rebelde líbio posa para foto com a bandeira monárquica ao lado de tanque de forças kadafistas destruído por bombeio da Otan no dia 26 de março, em Ajdabiya
Foto: AFP
Com carro destruído, rebeldes retornam de campo de batalha localizado a 30 km da cidade de Brega, no dia 31 de março
Foto: AFP
Combatentes rebeldes erguem armas em celebração após conquistarem território em Benghazi no dia 3 de abril
Foto: AFP
Muammar Kadafi saúda apoiadores reunidos em frente ao complexo de Bab al-Aziziya, onde morava, após encontro de líderes africanos em Trípoli, no dia 10 de abril
Foto: AFP
O rebelde líbio Massoud Abu Assir canta para camaradas na entrada de cidade de Ajdabiya, no dia 16 de abril
Foto: AFP
Atirador de elite rebelde observa através de buraco em parede durante combate no distrito de Zwabi, em Misrata, no dia 24 de abril
Foto: AFP
Jovem rebelde líbio baleado por atirador de elite é socorrido por médicos em clínica improvisada dentro de uma casa em Misrata, no dia 29 de abril
Foto: AFP
Rebelde líbio monta guarda e observa milhares de islamitas durante as tradicionais orações sexta-feira em 13 de maio, em Benghazi
Foto: AFP
Voluntários se arrastam para evitar arame farpado durante treinamento para a formação de novos combatentes rebeldes em Benghazi, no dia 29 de maio
Foto: AFP
Rebelde líbio exibe a bandeira monárquica ao lado de avião de combate de forças kadafistas em Misrata, no dia 29 de maio
Foto: AFP
Enorme nuvem de fumaça se ergue após bombardeio da Otan nas proximidades do complexo residencial de Kadafi em Trípoli, no dia 7 de junho
Foto: AFP
Prisioneiro libertado com uma flor na mão abraça familiar após desembarcar de balsa em Benghazi, no dia 24 de junho. Ele fez parte de um grupo de homens detidos pelo regime de Kadafi que foi evacuado de Trípoli pela Cruz Vermelha
Foto: AFP
Rebelde líbio durante combates na cidade petrolífera de Brega faz sinal da vitória ao chegar a hospital em Ajdabiya, no dia 17 de julho
Foto: AFP
Partidários de Kadafi se reúnem ao redor de retrato gigante de Kadafi na Praça Verde em Trípoli, no dia 22 de julho
Foto: AFP
Túmulo de rebelde líbio foi coberto pela bandeira monárquica líbia, que foi adotada pelos revolucionários para se contrapor ao símbolo verde de Kadafi, em cemitério de Nalut, em 29 de julho
Foto: AFP
Rebeldes celebram ao redor de icônica estátua de um punho de ouro após a tomada do complexo residencial de Kadafi, em Trípoli, em 23 de agosto. O monumento representava o ataque a uma aeronave americana por forças líbias em 1986
Foto: AFP
Nuvem de fumaça se ergue do complexo residencial de Kadafi em 24 de agosto. No dia seguinte à tomada do local, forças leais a Kadafi tentaram reassumir o controle da área, mas tiveram seus avanços refutados
Foto: AFP
No dia 26 de agosto, rebelde líbio posa sentado em sofá dourado em forma de sereia na casa de Aisha Kadafi, que foi tomada após a queda de Trípoli dias antes
Foto: AFP
Rebelde líbio faz sinal da vitória enquanto trafega em estrada de Trípoli ao pôr do sol do dia 26 de agosto
Foto: AFP
Homem líbio aponta para cadáveres queimados encontrados em uma prisão improvisada em Trípoli, no dia 27 de agosto. No local, foram encontrados 50 corpos de prisioneiros do regime de Kadafi
Foto: AFP
Rebelde líbio deita em cama de avião particular de Kadafi, que foi tomado pelos combatentes leais ao CNT no aeroporto de Trípoli dia 29 de agosto
Foto: AFP
Sami Sadiq Abu Ruwais, ex-prisioneiro durante o regime Kadafi, caminha sobre o teto de luxuoso complexo de férias que pertenceu ao ex-líder líbio em Ain Zara, no dia 31 de agosto. O local é uma das várias residências de Kadafi tomadas pelos rebeldes
Foto: AFP
Rebeldes líbios rezam em meio à estrada entre Misrata e Sirte, na localidade de Al-Sadaadi, no dia 31 de agosto. Após a queda do complexo de Kadafi, os combatentes do novo regime líbio direcionaram esforços para a tomada de Sirte
Foto: AFP
Retrato de Kadafi é depredado em Trípoli, no dia 1º de setembro, quando o paradeiro do ex-líder líbio era desconhecido
Foto: AFP
Rebelde pilota tanque nos arredores da cidade de Bani Walid no dia 21 de setembro. Após a queda de Trípoli em agosto, a cidade se transformou em um dos últimos redutos de resistência pró-Kadafi
Foto: AFP
Combatente leal ao Conselho Nacional de Transição (CNT) se dirige à cidade de Sirte em meio a ações para a tomada da cidade no dia 4 de outubro
Foto: AFP
Tanque do CNT dispara projétil durante o cerco a Sirte, no dia 4 de outubro
Foto: AFP
Combatentes anti-Kadafi disparam míssil no fronte de batalha de Sirte, em 5 de outubro, dia em que os revolucionários empregaram tanques e artilharia pesada no confronto na cidade-natal de Kadafi
Foto: AP
Combatente do novo regime dispara metralhadora durante combate nas ruas de Sirte no dia 10 de outubro
Foto: AFP
Rebelde líbio toca violão enquanto camaradas combatem forças pró-Kadafi em Sirte no dia 10 de outubro
Foto: AFP
Combatente aciona botão para disparar tiro de artilharia durante confronto com forças kadafistas nos arredores de Sirte no dia 10 de outubro
Foto: AFP
Deserta, paisagem da avenida de Sirte é marcada por inundação e construções públicas em ruínas no dia 18 de outubro. A cidade, localizada na região central da costa líbia, foi palco de recente contra-ataque das forças do coronel Muammar Kadafi
Foto: Reuters
Combatente leal ao CNT se protege durante combate nas ruas de Sirte em 20 de outubro, dia que culminou com a tomada do último reduto do antigo regime líbio
Foto: AFP
Combatentes comemoram após o anúncio de que a cidade de Sirte fora totalmente controlada pelo novo governo líbio, no dia 20 de outubro
Foto: Reuters
Combatentes se aglomeram ao redor do corpo de Muammar Kadafi para tirar fotos, em Sirte. A revolução na Líbia culminou com a morte de Kadafi no dia 20 de outubro
Foto: AFP
Moutassim Kadafi, um dos filhos de Muammar Kadafi, é cercado por rebeldes. Ele também foi morto no dia em que Sirte foi completamente tomada pelo novo regime líbio
Foto: AFP
Imagem de 21 de outubro, o dia seguinte após a morte de Kadafi, mostra o que restou de prédio em Sirte após os confrontos pelo controle da cidade