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África

Islamitas egípcios fazem manifestação para exigir volta de Mursi

19 jul 2013 - 13h58
(atualizado às 14h00)
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Milhares de partidários de Mohamed Mursi se manifestavam nesta sexta-feira no Egito para exigir o retorno do presidente islamita deposto, um dia depois de uma advertência do exército, que avisou que quem fizer uso da violência durante os protestos "colocará sua vida em perigo".

As manifestações convocadas pela Irmandade Muçulmana saíram de 18 mesquitas de diferentes bairros do Cairo e devem se reunir à tarde em dois lugares que os islamitas ocupam há cerca de três semanas: a mesquita Raba Al Adawiya, em um subúrbio do noroeste da capital, e os arredores da Universidade do Cairo, no bairro de Guiza, mais perto do centro.

Em Raba Al Adawiya os manifestantes exibiam cartazes em que se lia: "O que foi feito do meu voto?", em referência à votação que elegeu Mursi em junho de 2012, na primeira eleição presidencial democrática do Egito.

Esta campanha, chamada de "Acabem com o golpe de Estado", em alusão à destituição de Mursi pelo exército em 3 de julho, "ficará como uma data marcante na história do país", prevê Farid Ismail, um representante da Irmandade Muçulmana. Manifestações islamitas ocorriam também em outras províncias, segundo a TV pública.

Os adversários de Mursi também programaram manifestações na praça Tahrir e em um local próximo ao palácio presidencial.

Nos últimos dias, a mobilização dos opositores de Mursi, que alcançaram seu objetivo de derrubar o presidente, foi menos forte do que a dos islamitas.

O presidente interino do Egito, Adli Mansur, assegurou na quinta-feira que lutará "até o fim" a batalha pela segurança."Estamos em um momento decisivo da história do Egito, que alguns querem levar para o desconhecido", declarou Mansur, que prometeu "preservar a revolução", em referência à revolta que derrotou o antecessor de Mursi, Hosni Mubarak, em 2011.

Mansur, um juiz que prestou juramento em 4 de julho, um dia depois da queda de Mursi por parte do exército, estendeu de novo a mão à Irmandade Muçulmana, o movimento do ex-presidente.

Ele também prometeu uma "justiça transitória", em um contexto em que se multiplicam os pedidos de julgamento de Mursi, detido pelo exército, e em que houve uma onda de prisões dos partidários e simpatizantes do presidente deposto.

"O desejo de justiça e reconciliação preocupa a todos", disse Mansur, que pôs em prática um plano de transição política e nomeou um primeiro-ministro, Hazem Beblawi, cujo governo prestou juramento no sábado.

A Irmandade Muçulmana rejeitou qualquer negociação com Mansur e afirmou que continuará com as manifestações que reivindicam a volta de Mursi à presidência.

Desde 3 de julho, as manifestações de partidários de Mursi terminaram em confrontos com as forças de segurança e já deixaram mais de cem mortos.

"As forças armadas alertam contra os excessos na expressão das opiniões pacíficas e contra o uso da violência. Quem usar a violência durante as manifestações de sexta-feira colocará em risco a sua vida", informou na quinta-feira o exército em um comunicado publicado no Facebook.

Além dos protestos, as autoridades enfrentam um importante enfraquecimento da segurança na Península do Sinai, no leste do país, onde estão localizados grupos islamitas radicais.

Em relação à diplomacia, o novo ministro das Relações Exteriores, Nabil Fahmy, conversou por telefone com o equivalente americano, John Kerry, sobre temas relacionados ao Oriente Médio e sobre a situação interna do Egito.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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