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África

Irmandade Muçulmana propõe que UE intermedie diálogo no Egito

18 jul 2013 - 14h37
(atualizado às 14h46)
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A Irmandade Muçulmana disse nesta quinta-feira ter proposto, por intermédio de um representante da União Europeia, uma plataforma de negociações para resolver a crise política do Egito, no primeiro anúncio formal de oferta de diálogo desde que o presidente Mohamed Mursi foi derrubado pelos militares.

Gehad el-Haddad, dirigente da Irmandade que representou o movimento em conversações anteriores patrocinadas pela UE, disse à Reuters que a proposta tinha sido encaminhada ao enviado Bernardino León, antes da visita na quarta-feira da chefe de política externa do bloco europeu, Catherine Ashton.

León confirmou ter oferecido os "bons préstimos" da União Europeia para ajudar a resolver a crise, mas disse que o termo "mediador" exagerava esse papel.

A proposta, conforme descrita por Haddad, ainda está nos estágios iniciais. Ele não deu detalhes, descreveu-a apenas como uma "plataforma" para a abertura de um canal de diálogo e insistiu na firme exigência da Irmandade de que o "golpe" de 3 de julho, que derrubou Mursi, seja revertido.

Ele também disse que não está claro quem representaria o lado oposto: os militares que destituíram Mursi ou políticos.

"Precisamos de um terceiro lado. Nem sequer está claro quem seria o terceiro lado. Será o Exército? A FSN?", comentou, referindo-se à Frente de Salvação Nacional, formada por grupos políticos que se opõem a Mursi.

León, que falou por telefone a bordo de um voo de volta a Bruxelas, vindo do Cairo, se recusou a entrar em detalhes sobre qualquer das propostas recebidas, mas disse acreditar que as partes estão ficando cada vez mais abertas a negociações.

"É muito cedo para falar sobre iniciativas. Acabamos de ouvir as partes, as suas posições e qualquer espaço possível de abertura a ser apoiado. Acreditamos que este deve ser um diálogo... egípcio e com nenhum protagonista estrangeiro", declarou León.

Durante visita na quarta-feira ao Egito, Ashton se encontrou com vários líderes da Irmandade, bem como dirigentes do governo provisório. A visita contrastou com a viagem de um enviado dos EUA, dois dias antes, que não se reuniu com a Irmandade.

Um assessor de Mohamed El Baradei, o líder da FSN e vice-presidente do governo interino do Egito, não fez nenhum comentário de imediato.

Reversão do golpe

Haddad disse que a Irmandade estaria disposta a negociar sobre qualquer questão política, incluindo a realização de novas eleições para substituir Mursi como presidente, mas insistiu que o Exército teria de reverter seu decreto que unilateralmente removeu Mursi do poder.

"Primeiro, eles têm que reverter o golpe de Estado", afirmou. "Você não pode entrar em um tanque e remover um líder eleito. É um impasse, ou é um golpe militar ou uma escolha democrática", disse ele em uma entrevista à meia-noite, no Cairo, durante uma vigília de milhares de manifestantes que exigem o retorno de Mursi.

León reconheceu que as posições das partes estão distantes. "Ambos estão em posições muito firmes, ambos, mas ao mesmo tempo nós pensamos que eles não estão completamente fechados para a possibilidade de se reengajarem (no diálogo). Então, eu não diria que partimos otimistas do Egito, mas, pelo menos, eu posso dizer que também não estamos pessimistas".

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