Novo regime da Líbia se dispõe a julgar assassinos de Kadafi
A nova liderança líbia determinou nesta quinta-feira que encaminhará à justiça os assassinos do ex-presidente Muammar Kadafi, morto em circunstâncias ainda não esclarecidas, após ser capturado vivo. Esta é uma resposta aos apelos internacionais para abertura de uma investigação.
"Nós já abrimos uma investigação. Determinamos um código de ética em relação ao tratamento dado aos prisioneiros de guerra. Tenho certeza de que este foi um ato individual e não uma ação revolucionária ou do exército nacional", declarou o vice-presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Abdel Hafiz Ghoga.
"O responsável (pela morte de Kadafi), quem quer que seja, será julgado e receberá o que for justo", assegurou Ghoga. As circunstâncias da morte de Muammar Kadafi continuam obscuras, o novo poder líbio defende desde o início a tese de que a morte aconteceu durante uma troca de tiros, enquanto várias fontes dizem que houve uma execução sumária.
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, criticou nesta quinta-feira as imagens "repugnantes" da morte de Muammar Kadafi exibidas pela imprensa internacional, informaram agências de notícias russas. "Toda a família de Kadafi foi destruída, seu cadáver foi exibido em todos os canais internacionais: é impossível olhar isso sem ficar enojado. O que significa tudo isso?!", disse.
"Ele estava todo ensanguentado, ferido, ainda vivo, depois finalizado (...) e nós exibimos tudo isso nas telas", prosseguiu Putin. "Milhões de pessoas viram estas imagens, inclusive crianças, isto não é desenho animado (...) Isto não trás nada de bom", acrescentou.
Insurreição líbia culmina com queda de Sirte e morte de Kadafi
Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.
A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque.
Dois meses depois, os rebeldes invadiram Beni Walid, um dos últimos bastiões de Kadafi. Em 20 de outubro, os rebeldes retomaram o controle de Sirte, cidade natal do coronel e foco derradeiro do antigo regime. Os apoiadores do CNT comemoravam a tomada da cidade quando os rebeldes anunciaram que, no confronto, Kadafi havia sido morto. Estima-se que mais de 20 mil pessoas tenham morrido desde o início da insurreição.