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Ex-número dois líbio garante que ninguém sabe onde está Kadafi

25 ago 2011 - 17h39
(atualizado em 28/8/2011 às 13h08)
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O ex-número dois do regime líbio Abdessalam Jalloud declarou nesta quinta-feira que ninguém sabe onde se encontra o ditador Muammar Kadafi, que na sua opinião poderia estar na parte meridional de Trípoli, ou ter conseguido sair da cidade em direção a fronteira com a Argélia ou rumo a Sirte. Jalloud fez tais declarações em Roma, na sede da Associação da imprensa estrangeira, onde lembrou que nos últimos meses de Kadafi em Trípoli, o mesmo se deslocava constantemente, embora tenha comentado que, apesar de ser possível vê-lo, há algum tempo ninguém conseguia encontrá-lo.

Cinegrafista caminha ao lado de avião destroçado no aeroporto de Trípoli
Cinegrafista caminha ao lado de avião destroçado no aeroporto de Trípoli
Foto: Reuters

Ele ressaltou também que Kadafi abriu mão de várias pessoas que tradicionalmente estavam a seu lado e que nos últimos tempos estava acompanhado só de quatro pessoas. O ex-líder afirmou que, caso Kadafi se encontre ainda em Trípoli, certamente está escondido em alguma residência, onde permanecerá até que as ruas da cidade, controladas em sua maior parte pelos rebeldes, voltem a ficar livres.

Jalloud não descartou que o coronel líbio possa tentar escapar, inclusive se vestindo de mulher. No entanto, declarou que se Kadafi já conseguiu sair da capital, seguramente tentará atravessar o deserto. O ex-número dois está desde sábado passado na Itália, onde chegou em um voo procedente da ilha tunisiana de Jerba após escapar na sexta-feira da Líbia e atravessar a fronteira com a Tunísia.

Fora de qualquer posto de responsabilidade desde 1990, Jalloud foi um dos participantes do golpe de Estado que levou o coronel Kadafi ao poder em 1969. Ocupou muitos cargos oficiais, entre eles os de vice-primeiro-ministro, responsável de Finanças e de Indústria e, inclusive, chefe do governo. Sobre seu futuro, Jalloud manifestou sua intenção de formar um partido político, para que assim que o conflito acabar, participar das novas eleições e formar um novo governo.

Ele declarou que será "um partido nacionalista, liberal, laico", cuja liderança, em caso de êxito, será atribuída aos jovens e contará com a presença de mulheres. Jalloud comentou que a Líbia é "uma família" e considerou que a violência não faz parte de sua cultura, por isso se mostrou confiante de que, uma vez finalizado o conflito, o país não estará "dividido".

"Com a queda definitiva do regime não haverá confrontos, o povo permanecerá unido e paciente", afirmou o antigo número dois líbio, ressaltando que as tribos líbias não são "fanáticas", mas representam um modelo social.

Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque.

EFE   
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