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Líder da transição pede desbloqueio de fundos líbios

25 ago 2011 - 11h28
(atualizado em 28/8/2011 às 13h11)
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Após a reunião com o presidente de governo da Itália, Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição líbio (CNT), Mahmoud Jibril, pediu o desbloqueio dos fundos de Estado líbios para aliviar a grave emergência que vive o país.

O líder do Conselho Nacional de Transição líbio, Mahmoud Jibril, fala com o premiê italiano, Silvio Berlusconi, em encontro em Milão
O líder do Conselho Nacional de Transição líbio, Mahmoud Jibril, fala com o premiê italiano, Silvio Berlusconi, em encontro em Milão
Foto: Reuters

No encontro em Milão com Berlusconi, Jibril garantiu que o CNT corre o risco de fracassar "se não conseguir proporcionar os serviços básicos à população e pagar o salário de pessoas que não recebem há meses".

"Se não conseguirmos obter meios financeiros necessários vamos viver dias difíceis", acrescentou Jibril.

O primeiro-ministro do CNT explicou que "a prioridade nas próximas semanas é restabelecer a ordem, construir um sistema judiciário, começar a construção de um Exército Nacional e, principalmente, garantir a retirada das armas que invadem as ruas".

Outra das prioridades para o novo Governo é a de "garantir a abertura das escolas no mês que vem e dar assistência e tratamento às pessoas feridas distribuídas em vários hospitais líbios, da Tunísia, da Grécia e da Itália".

Jibril explicou que será necessário em breve "reconstruir as centrais elétricas e todas as infraestruturas destruídas pelos bombardeios dos fiéis de Muammar Kadafi".

Mas, insistiu, "não será possível satisfazer todas estas prioridades se não tiverem os recursos necessários".

Durante o comparecimento, na qual não houve perguntas, o primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição líbio não mencionou Kadafi, nem seu possível paradeiro.

Sobre o pedido do CNT, Berlusconi, mostrou durante seu discurso sua disponibilidade para desbloquear 350 milhões de euros dos fundos de Estado líbios congelados na Itália.

Em março, com o início do conflito, a Itália congelou fundos do Estado líbio e pertencentes à família de Kadafi pelo total de 7 bilhões de euros.

Além disso, o primeiro-ministro da Itália anunciou acordo que será assinado na segunda-feira na cidade líbia de Benghazi entre a companhia de hidrocarbonetos Eni e o CNT para antecipar, sem pagar, por enquanto, o abastecimento à população de gás e gasolina.

O acordo foi confirmado pelo executivo-chefe de Eni, Paolo Scaroni, quem precisou que comportará o abastecimento de gás e gasolina na "nova Líbia" em troca de pagamentos em petróleo quando as plantas de extração estiverem novamente em operação.

O executivo-chefe da Eni assinalou que será privilegiado o abastecimento de gás e precisou que para a reativação normal das petrolíferas a estimativa é de seis a 18 meses.

Por sua vez, Berlusconi também informou sobre a criação de um comitê entre ambos os países para abordar o futuro da Líbia.

Durante a reunião, Berlusconi explicou que se falou do "elevado número dos mortos durante a guerra civil e da precária situação de Trípoli, onde falta até a água".

Por sua vez, Jibril, segundo afirmou Berlusconi, confirmou a vontade do CNT de incluir no próximo Governo "todas as forças e os componentes da sociedade civil líbia" e "a firme determinação do próximo Governo para evitar qualquer comportamento de vingança contra os derrotados".

Além de desbloquear os fundos, Berlusconi mostrou sua disponibilidade para "formar aos policiais e os militares do novo Estado".

A reunião ocorreu enquanto eram libertados em Trípoli os quatro jornalistas italianos sequestrados na véspera perto da Praça Verde por milicianos leais a Kadafi.

Berlusconi celebrou a libertação e classificou a rapidez com a que o caso foi solucionado "como um bom sinal" para o futuro na Líbia.

Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque.

EFE   
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